Qual é a sua essência?

#olhabempqbemtem… Descobrir qual é a sua essência.

Havíamos começado mais um Workaway, desta vez em Portugal na região do Douro em uma bela quinta de vinhos orgânicos, um lugar realmente bonito e inspirador. Saiba mais em A Quinta do Vilar (parte 1).

Em Detalhes que inspiram, contei que enquanto percorríamos o trajeto até lá, indagava-me se nossa experiência seria parecida com aquela mesma de dois anos atrás. (Leia sobre ela aqui e aqui). Mas logo que cheguei percebi que tudo seria bem diferente. Porque minha primeira tarefa já era inédita: percorrer parte da grande fazenda para pegar lenha para a lareira. Afinal, o inverno estava chegando e, como aqui faz muito frio, nada melhor que uma aconchegante lareira para nos dar abrigo.

Era um trabalho que eu executava sozinho, apenas na companhia de meus próprios pensamentos. Aproveitava a oportunidade, portanto, para me redescobrir, reconectar, reencontrar após todas as mudanças pelas quais havíamos passado… (Saiba mais aqui e aqui). E foi assim que, enquanto eu pegava lenha embaixo de uma laranjeira afundado em meus próprios pensamentos, concluí que precisava descobrir qual era a minha essência.

Por definição, “a essência é aquilo que faz que um ser ou um objeto seja aquilo que é. É a realidade persistente num ser, mais além das modificações que surgem acidentalmente”. Assim, se descobrisse minha própria essência, saberia aproveitar melhor a mim mesmo, e tomaria melhores decisões.

A essência da laranjeira

A culpada por meus devaneios foi a própria laranjeira. Ao observá-la, concluí que as árvores têm como sua principal essência o abrigo. Pois nelas conseguimos o abrigo da sombra abaixo de sua copa para nos protegermos do sol e também abrigo no momento da chuva.

Se pensarmos em funções secundárias, chegaremos a mesma ideia de abrigo. Seu fruto nos alimentará e nos trará saciedade; a madeira do caule pode ser utilizada para diversas funções, desde a construção de objetos até a construção de uma cabana. Podemos também acender uma fogueira. Uma aconchegante lareira nos dará abrigo, aquecendo-nos do frio. E como é bom sentar-se em frente ao fogo e apenas observar ele queimar a madeira. Basta alguns instantes para refletirmos sobre outras questões e, junto ao fogo, queimarmos também alguns dilemas e problemas.

Tentava buscar mais exemplos e sempre chegava a mesma ideia: tendo a laranjeira como abrigo, percebia que aquela era sua principal essência e agradecia por aquele momento em que ela me abrigava.

Seguia ali, embaixo daquela árvore com meus pensamentos, mas agora aplicando tal teoria em mim mesmo. Aos poucos fui percebendo que grande parte de mim de certa forma é algo secundário daqueles que mais estiveram comigo, meus pais, por exemplo.

Pode parecer loucura. Mas aquele momento de lucidez foi realmente incrível: eu começava a definir muitas razões do meu eu, refletia sobre minha necessidade em querer resultados rápidos e eficientes, minha disposição em auxiliar o próximo, minha criatividade e bom humor, entre tantas outras características secundárias, bastante evidentes por estarem mais na superfície.

Mas qual era a minha essência?

Não creio que a tenha encontrado. Mas, pelo menos, tenho certeza que a cada instante estou mais perto. Pois tenho tentado responder àquelas perguntas ao final de Por uma vida que a gente goste de viver. Em suma, o que eu faria se não precisasse de dinheiro?

De fato, pensar em minhas funções secundárias ajudou-me muito. Sentia-me como um barbante todo enrolado, mas comecei a desatar os nós mais próximos. Aos poucos, tudo foi acontecendo, tudo foi desembaraçando, tornando-se mais visível. Confesso que ainda tenho alguns nós que estão difíceis, porém percebo que a cada dia eles se soltam um pouco mais.

E você já descobriu qual é a sua essência? Se ainda não, talvez começar a refletir sobre suas características mais secundárias ajude. Tenha em mente, porém, que você precisa ser autêntico. Pois a autenticidade faz parte também de toda essência.

Seja como for, desejo que cada um de nós encontre sua essência e faça a diferença que precisamos e desejamos para um mundo melhor. Enquanto isso sigo por aqui, cada dia em um lugar diferente, atento ao que me cerca, às minhas tarefas diárias, em mim.

Muito obrigado e…
#olhabemquebemtem

Luiz Felipe Sandins Mendonça