Detalhes que inspiram

#olhabempqbemtem… Nos detalhes que inspiram!

Tempestade em copo d’àgua à vista!

Já estávamos viajando há mais de um mês e a jornada não terminaria ali. Afinal, nossa temporada pelas terras de nossos descobridores seria maior e ainda não definida. Assim, após alguns dias em Braga, tendo como refúgio o aconchego do lar de pessoas queridas que doaram parte de seu tempo e morada para nós, arrumávamos nossas malas para partir em direção às margens do Rio Douro.

Mas parece que eu e Rachel temos uma sina: todas as vezes que arrumamos as malas acabamos discutindo! Foi mais uma vez o que aconteceu e, desde a noite anterior à nossa partida, o clima não seguiu como os melhores: caras emburradas e alfinetadas desnecessárias eram atualizadas de hora em hora.

Nós estávamos prestes a embarcar em mais uma aventura de Workaway, como a dois anos atrás. Mas será que seria igual? Duvidava, pois já dizia Heráclito: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou.” Pois talvez fosse este mesmo o motivo de tanta expectativa, nervosismo e irritação! (Mais ou menos como acontecia também em O poder de um sorriso).

Correria e atrasos

Tínhamos hora marcada e, confesso, atrasamo-nos por culpa minha. E tal como os famosos e repetidos filmes de sessão da tarde, a discussão sobre a arrumação das malas continuava no ar… Aff!

Mas estávamos nós, com nossas mochilas nas costas, na fila para comprar os tickets do comboio (trem) para Régua, cada vez mais apreensivos, pois a fila estava grande e faltavam menos que 5 minutos para o comboio partir.

À nossa frente, duas senhoras pareciam estar na mesma situação. Mas provavelmente elas nem perceberam que nós também estávamos apreensivos com o tempo. Não porque não demonstrávamos, mas pelo simples fato de estarem na frente.

Chegou a nossa vez.

– São dois bilhetes para Régua, por favor!
– São 6 euros e meio.

– Multi Banco! (Pagamento com cartão)
– Sabem que precisam fazer baldeação na estação…

– Sim, em Esposende, já sabemos! (Interrompemos o moço da bilheteria)

– Aqui está, linha 2.

– Obrigado! (Já correndo, ufa conseguimos!)

Nos acertamos e sentamos. O clima entre nós não estava mesmo dos melhores. Por isso, a viagem seguia, mas sem muito romantismo e bom humor. Desembarcamos em Esposende, e ali teríamos que aguardar por quase uma hora.

Baixando a guarda

Chegou o trem, ou melhor, o comboio que nos levaria até a Estação de Régua, onde iniciaria nossa próxima aventura como “Workawayers”, durante quatro semanas na Região do Douro. Entramos e fomos andando pelos vagões para escolher nossos lugares. Os bancos estavam dispostos da seguinte forma: quatro poltronas, duas de frente para as outras. Era o ideal para deixar nossas mochilas e sentar. Afinal, o trem estava com outros lugares vagos e não iríamos tomar lugar de ninguém.

Foi então que tudo mudou. A Rachel deixou a mochila dela primeiro e sentou-se na poltrona em frente. Deixei minha grande ao lado da Rachel e sentei-me na poltrona da frente. Ela então se levantou, trocou sua própria mochila de lugar e sentou-se ao meu lado.

E foi este detalhe que fez toda a diferença!

Naquele momento percebi o quanto era melhor viajar assim, lado a lado, mesmo que eu não estivesse na janela. Segurei a mão da minha esposa e, se ainda existia qualquer ressentimento pelo atraso que tivemos ou pelo repetido episódio da arrumação das malas, naquele momento, ele se foi.

A viagem ficou muito melhor e, embora estivesse com meus fones de ouvido, aceitei o convite para dividir com ela os fones de ouvido dela para ouvir o álbum com as novas canções de seu cantor favorito.

A música ganhou mais sentido, as cores da paisagem ficaram mais vivas e o calor da pessoa que nos ama, ali, mais próximo, fez toda a diferença naqueles trilhos à margem do Rio Douro. Aquelas horas até Régua serão difíceis de esquecer graças àquele detalhe dela fazer questão de estar ao meu lado.

Por isso não deixe a oportunidade passar quando puder ficar ao lado de quem você ama.

Muito obrigado e… #olhabempqbemtem

Luiz Felipe Sandins Mendonça

Trilha sonora deste post:
Partiu – Humberto Gessinger