Filmes do Bem

Jojo Rabbit

“Deixe tudo acontecer com você. Beleza e horror. Apenas siga. Nenhum sentimento é o fim.” – Rainer Maria Hilke

Jojo Rabbit acaba de estrear no Brasil antecipadamente. Sucesso no mundo todo e concorrente ao Oscar de 2020, o filme desconserta e choca logo nas primeiras cenas. Na sequência, entretanto, acaba se tornando um emocionante filme do bem.

Descrição:

Jojo Rabbit é um filme americano de 2019 que só agora inicia suas aparições no cinema brasileiro. Dirigido pelo neozelandês Taika Waititi, o filme é um belo cruzamento entre humor negro e drama histórico.

A produção é estrelada pelo pequeno Roman Griffin Davis, o próprio Taika Waititi no papel de Hitler e Scarlett Johansson, que mais uma vez brilha com sua envolvente atuação.

Desde sua estreia o filme tem colecionado prêmios e indicações: Roman Griffin Davis ganhou o prêmio de Melhor Jovem Ator ou Atriz no Critics’ Choice Award; Taika Waititi foi premiado por Melhor Roteiro Adaptado no Writers Guild of America Award de 2020, no Toronto International Film Festival People’s Choice Award de 2019 e no Prêmio BAFTA de Cinema. No Oscar 2020, concorre aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante (Scarlett Johansson), Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Design de Produção.

História:

Johannes Betzler, conhecido como Jojo (Roman Griffin Davis), é um garoto alemão solitário que tem dez anos e vive na Alemanha no pior momento da História para os alemães: o verão de 1944, quando já está claro que o avanço dos Aliados é imparável e que os americanos e os russos reverteram o destino da guerra. O Terceiro Reich tem seus dias contados, mas o pequeno Jojo não sabe de nada disso. Porque imbuído da propaganda de Goebbels e tomado por um nacionalismo cego, ele está se preparando para se tornar o melhor dos nazistas no acampamento de verão juvenil de Hitler. Disposto a matar judeus e a queimar livros, para ele não importa se ele é o menor e o mais frágil do grupo, porque ele conta com o apoio e o conselho de seu melhor amigo imaginário, Adolf Hitler (Taika Waititi).

Um dia, entretanto, o jogo se inverte. Jojo descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma judia (Thomasin McKenzie) no sótão de casa. Depois de várias tentativas frustradas para expulsá-la, o jovem rebelde começa a desenvolver empatia pela nova hóspede. E, depois de já ter arrancado risadas de todos os expectadores, leva-nos finalmente às lágrimas.

Por que Jojo Rabbit é um Filme do Bem?

Vivemos em um mundo em que fazer piada virou coisa séria e às vezes é até proibido. Portanto, Jojo Rabbit é, nesse sentido, um filme difícil de assistir e, no mínimo, desconcertante, sendo capaz de fazer os mais conservadores desistirem logo nas primeiras cenas. Mas vale a pena insistir. O resultado é uma sátira audaciosa com pitadas de Bastardos Inglórios, A vida é bela e O diário de Anne Frank.

Taika Waititi foi corajoso ao tocar em temas espinhosos de forma cômica. Seu objetivo, entretanto, fica claro: não se trata de ironizar, mas criticar fortemente, transformando a realidade em absurdo.

Por isso, intencionalmente, como que para ganhar o direito a licença poética, o diretor Taika Waititi exagera nos diálogos e nas cenas, cria paralelos anacrônicos que nunca poderiam ter existido e, assim, avisa ao expectador que este é um filme contemporâneo, muito mais que histórico.

Jojo Rabbit é sobre a dificuldade e necessidade de convivermos com as diferenças que existem entre nós. É sobre o filho que pensa diferente da mãe e sobre a mãe que pensa diferente do filho, sobre os inusitados amigos que ganhamos ao longo da vida sem que nunca pudéssemos imaginá-los.
É uma sátira anti-ódio audaciosa e uma analogia aos tão conflituosos dias atuais, repletos de fake news. Mas tampouco isso é óbvio. Para perceber, é preciso ficar atento aos sinais dados pelo roteirista, é preciso atentar para sutilezas como amarrar os cardaços, escrever cartas e dançar.

É um filme necessário, que faz rir e faz partir o coração, que contesta e diverte. É também poético, difícil, inteligente, sensível, comovente e corajoso. Um filme para refletir. Enfim, um filme do bem.

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Bom filme e… #olhabempqbemtem

Rachel Jaccoud Amaro

Rachel Jaccoud Amaro

Rachel é historiadora por formação, escritora por vocação e fotógrafa nas horas vagas. Ama quebrar paradigmas e, exatamente por isso, abraçou o Olha Bem pq Bem Tem como projeto de vida.

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