Necessidades Desnecessárias
#olhabempqbemtem …ter consciência de nossas reais necessidades.
Nos últimos posts sobre A Quinta da Portela (parte 1 e parte 2), contamos como foram cheios de emoção e intensos os nossos dias ali. Mas foram muitos aprendizados também. E há mais um que eu gostaria de dividir com vocês que acompanham o Olha Bem pq Bem Tem.
Logo que chegamos à Quinta da Portela, “José e Janine” nos contaram como haviam sido as horas assombrosas do incêndio. Eles viram o fogo lá na serra, distante. E sentaram-se na espaçosa varanda para observar e ver como o fogo ia se comportar.
Apesar do vento forte, eles não imaginavam que em menos de meia hora o fogo já estaria espreitando a porta deles! Afinal, não era assim que as queimadas em Portugal se comportavam.
A primeira reação foi de tentar controlar e apagar o fogo. Mas logo viram que isso seria impossível… Pegaram seus adoráveis cães e partiram em direção a um lugar que julgavam mais seguro, longe do fogo. Partiram com o coração mais do que apertado, e na esperança de que o fogo não destruísse tudo o que haviam conquistado e construído juntos, desde o dia em que decidiram morar ali.
Na estrada, passaram por carros incendiados, caminhos bloqueados e muita destruição. E, quando o fogo que ardia resolveu dar uma trégua, eles voltaram. Voltaram e viram tudo com um misto de alívio e tristeza. Eles estavam vivos. A casa deles estava em pé… Mas ao redor… Enfim, essa parte já contamos para vocês.
Eles têm muitos amigos que perderam absolutamente tudo. Eles têm conhecidos que morreram tentando salvar seus parentes, sua casa, seus pertences… Não fugiram a tempo.
Mas essas notícias demoraram a chegar… Não havia luz, nem água, muito menos telefone e internet.
Agora que estávamos ali, luz e água tinham voltado. Mas era preciso economizar… Nada estava ainda normalizado. E, até hoje, eles estão sem telefone e internet.
De nós, eles não cobraram nenhuma medida extrema. Apenas explicaram a situação, dizendo que há meses não chove o suficiente e economizar era uma decisão sábia a ser tomada. Enfim… nada diferente do que muitas pessoas vivem no Brasil de tempos em tempos.
Não era preciso dizer mais nada! Entendemos, e logo resolvemos adotar uma conduta mais econômica em todos os aspectos que podíamos.
E foi então que a cada dia percebi as “desnecessidades” que cometo no dia a dia… (E olha que me considero uma pessoa “ecologicamente correta”).
A economia era em coisas básicas… Na utilização da água quente (que no sistema europeu gasta mais água do que a fria), no abrir e fechar da torneira para escovar os dentes ou lavar as mãos, na forma como lavamos a louça após uma refeição… No tomar banho após um dia de trabalho! Neste último caso, por exemplo, descartei a famosa ducha quente que deixo cair sobre o corpo após o banho, apenas para relaxar. E a substituí por momentos de boas conversas ao lado de quem se quer BEM.
E a internet? Essa também foi substituída por conversas ao vivo e a cores, um bom vinho e horas mais bem dormidas à noite.
Aos poucos, essas pequenas ações me faziam um enorme BEM. Afinal, sentia que elas podiam fazer pelo menos uma pequena diferença no mundo que nos cerca.
Durante esses dias ali, adquiri também a percepção de que não devemos parar, não importa o que aconteça! Olhava pela janela, via a destruição ao redor e, apesar disso, o verde já começava a aparecer novamente… Já se fazia notar!
Isso me dava mais forças do que a tal “ducha quente”… Fazia-me pensar no quanto era importante continuarmos nossas vidas, com força e esperança… Um BEM que podia ouvir e ver nas ações de “José e Janine” todos os dias.
Essas necessidades e “desnecessidades” me fizeram pensar com mais afinco e compromisso em tantas outras pessoas que enfrentam isso em seu dia a dia… Em regiões ao redor de todo o mundo que são atingidas por diversos tipos de catástrofe: secas, terremotos, enchentes, guerras, etc. Infelizmente, há cenários tão piores do que estes…
O BEM que gostaria de compartilhar aqui é sobre ter a consciência daquilo que realmente é necessário. Água, luz são dois bons exemplos de excessos que podemos cometer. Mas há muitas outras coisas que poderíamos citar quando por acaso utilizamos sem pensar, ou sem qualquer tipo de preocupação.
Sei que este vai ser um comportamento adquirido diariamente. Seria hipocrisia dizer que mudarei meus hábitos da noite para o dia. Mas o fato é que essa experiência na Quinta da Portela me presenteou com essa vontade de mudar e de ter uma consciência maior sobre o que para mim é NECESSIDADE!
NECESSÁRIO foi o momento de nossa despedida na Quinta da Portela… Um abraço amigo e verdadeiro trocado entre nós, logo antes de irmos. Com os olhos cheios de lágrimas e a grande vontade de voltar para rever nossos mais novos amigos!
Muito obrigado e… #olhabempqbemtem
Luiz Felipe Sandins Mendonça
Trilha sonora deste post:
Necessário, somente o necessário
Excelente reflexão.O cuidado com o nosso tempo é fundamental. Aproveitar o tempo com o que é de fato necessário faz nossos dias mais produtivos.Alias, essa mordomia do tempo é um dos grandes segredos para alcançarmos conquistas com mais frequência. Outro aspecto nessa mesma linha: o cuidado com nossas palavras. Quantas palavras desnecessárias nós proferimos que são como, se me permitem a troca da temperatura, como verdadeiras “duchas frias” no crescimento e desenvolvimento de pessoas que nos cercam… Hábitos, tempo e palavras. Façamos o necessário, pq muitas vezes o “extraordinário” é demais…
Muito obrigado, Dirceu, por suas palavras. Realmente nos dias de hoje será sábio de nossa parte aproveitarmos as facilidades que temos com o avanço e velocidade dos episódios que nos cercam. E nesta velocidade de tempo, acabamos que, se descuidados, cometendo “desnecessidades extraordinárias”. Sejam com nossas ações ou palavras!
Excelente ponto de vista, muito obrigado!
Que lindo e necessário queridos!
Sempre é uma alegria quando recebemos comentários e elogios a nossas reflexões!
Muito obrigado, Judith!
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