Comportamento

A certeza mais incerta

A certeza mais incerta de nossa VIDA será sempre a MORTE! Todo dia morre um dia que nasceu. E, após cada dia,  muitas coisas poderão ir ou ficar para sempre em nossas memórias.

Semana passada foi nossa última semana na fazenda da Família Luft. E, para mim, foi uma semana de muita nostalgia e sentimentos que me fizeram muito refletir.

A segunda-feira começara muito fria. Quando levantamos, o termômetro marcava 4º. Talvez fosse até um presságio… Um aviso de que deveríamos manter a mesma frieza para saber lidar com os acontecimentos que viriam a seguir.

Como de costume, logo após o café da manhã, iniciamos nossas atividades na fazenda. Fui alimentar e soltar os animais, mas algo estava errado… Logo que abri a porta que nos dava acesso ao celeiro, vi que estava no chão uma das ovelhas… Ela se debatia e não conseguia se levantar. Como não sabia o que fazer, fui correndo chamar a Ute, pois Marcel estava resolvendo outras questões fora da fazenda.

Quando a viu, Ute já sabia o que estaria por vir. A ovelha era uma velha ovelha… Ute apenas a acomodou melhor no chão e pediu que buscássemos feno, apenas para dar mais conforto. Infelizmente, esta era uma medida para remediar a situação. Não havia muito o que fazer quando chegava a hora da ovelha…

Fiquei pensando como explicaria a cena se estivesse com uma criança ali naquele momento.

Talvez eu dissesse: “Esta linda e fofinha ovelha está se mudando para o céu… Vai ficar branca como as nuvens, e ajudar na contagem das ovelhinhas que ficam pulando a cerca quando estamos sem sono”.

A sensação foi de grande impotência por não ter o que fazer. Levei um pouco de água, na esperança de que ela se “reanimasse”. Apenas um pequeno gole passou por sua garganta. Pelo som, pude sentir que estava seca. Mas depois disso a ovelha não bebeu mais. Aquele foi seu último gole de água.

Em seu olhos, pude ver que não respondia mais. Embora ainda se mexesse, não restava mais força naquele animal. Foi aí que reparei que parecia ser a Honya, a velha ovelha mãe de Samson, sobre a qual falamos aqui. E, novamente, foi incrível perceber como as ovelhas são seres que sabem se expressar tão bem.

Foi aí que me sensibilizei ainda mais… Será que Honya estava partindo por conta da saudade que sentia de seu filhote, que a deixara 2 semanas atrás? Não sei, apenas achei muita coincidência tudo isso acontecer enquanto estávamos lá.

Mas era preciso seguir em frente. O dia estava apenas começando… E, embora triste, este acontecimento faz parte da vida.

É a certeza mais incerta!

A terça-feira passou envolvendo-nos em nostalgia durante a colheita do feijão preto, conforme relatamos aqui. E, na quarta-feira, fomos surpreendidos com uma mensagem no Facebook.

Não estava muito claro, mas parecia que um grande amigo da família havia falecido. Lucio era amigo de infância de meus tios e de minha mãe… Era também jovem como eles. Não devia ter mais de 55 anos. E, ainda outro dia, estava conosco, conversando animado em uma mesa de restaurante.

A confirmação veio no dia seguinte… Fora um câncer fulminante. A quinta-feira, portanto, seria marcada de tristeza pela perda do amigo… Era uma semana em que precisávamos ser fortes. O clima de sepultamento pairava no ar.

E voltei a pensar no que diria a uma criança…

A ovelha que havia ido morar no céu e que ficaria branca como uma nuvem. O amigo da família que não veríamos mais…  E, claro, há 3 anos, eu e a criança em mim perdíamos nossa querida e amada vó Chiquinha, como carinhosamente a chamávamos…

A semana toda havia me lembrado dela… Pela data, pelo feijão e porque em nossa playlist tocou a música Love in the Afternoon, da Legião Urbana, que cantamos para ela em família durante aquele último e inesquecível adeus… A música é aquela que diz: “É tão estranho… os bons morrem antes…”.

Nossos dias ali com a família Luft também estavam acabando. Tivemos despedida regada com a cerveja que nós mesmos ajudamos a produzir e muito boa conversa! Infelizmente, era o fim de grandes experiências e inesquecíveis momentos.

Saímos de lá em uma sexta-feira 13, um tanto abalados pela quantidade de cerveja ingerida na noite anterior e pelas poucas horas de sono dormidas. Ah… Cadê aquele vigor da juventude…?

Era o que pensava enquanto estava sentado a janela do trem, aguardando a continuação da nossa aventura… Também fazia uma retrospectiva das lembranças deste último mês vivido em Weitsche e das tristes despedidas da última semana… E pensei:

Mas onde “OLHAR BEM” em toda essa história?

OLHA BEM PQ BEM TEM… Em ter consciência da certeza mais incerta de nossa vida!

É muito importante termos consciência de que um dia não teremos mais por aqui aquela pessoa que desejamos que fique conosco para sempre! Ao termos essa consciência, aproveitaremos verdadeiramente e integralmente os momentos ao lado de quem desejamos que nunca nos deixe.

Que estejamos sempre conscientes dessa certeza incerta… Para que tudo seja dito. Para não termos arrependimentos. Para que sejam amados aqueles a quem amamos. Desta forma, não seremos esquecidos quando nossa própria morte chegar.

Este texto dedico a minha amada e inesquecível vó Francisca, com quem gostaria de ter aproveitado mais momentos… a quem gostaria de ter dito mais do que disse.

Muito obrigado e… #olhabempqbemtem

Luiz Felipe Sandins Mendonça

 

Trilha sonora deste post:

Love in the Afternoon – Legião Urbana

Luiz Felipe Sandins Mendonça

Luiz Felipe é um empresário com alma de artista. Desde 2019, ele ajuda pessoas a terem mais saúde e qualidade de vida através dos produtos da Omnilife. Dono de uma mente extremamente criativa, otimista incorrigível, é ele o criador do Olha Bem pq Bem Tem.

9 thoughts on “A certeza mais incerta

  • André Sandins

    Lindo, maravilhoso texto é muito bem dedicado a sua vó que por acaso eh ninha mãe, que foi e sempre será amada e lembrada como uma verdadeira Mulher Maravilha!!! Beijao meu sobrinho!
    Do seu tio André Luis

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    • olhabempqbemtem

      Muito obrigado por seu comentário, tio! Com certeza a vó Chiquinha era nossa Mulher Maravilha!

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  • FRANCISCO SANDINS

    Linda menssagem qjerido sobrinho, cada vez que as leio sinto o seu amor por tudo e por todos, grande beijusss do tio que te ama muito,
    Tio Chico….

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    • olhabempqbemtem

      Muito obrigado, tio Chico! Realmente fazer as coisas com amor nos traz muito alegria. Fico muito feliz por você gostar dos textos.

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  • Lindo texto! Que possamos guardar suas palavras em nossa mente… a rotina do dia a dia nos prende um pouco mas é de fato imprescindível termos essa consciência. Olha bem pq bem tem!

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    • olhabempqbemtem

      Que bom que gostou, Roanna! Sem dúvida, a correria do dia a dia pode nos fazer perder o foco daquilo que realmente é importante. Mas acreditamos que aos pouquinhos, se tivermos atenção, somos capazes de mudar isso!

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  • Entrei em contato agora com o blog/site e desde já quero parabenizá-los pela coragem de ir em busca de seus sonhos. Parabéns !!!! E com certeza viajarei com vocês, por enquanto, em todos os locais da Alemanha. Abcs
    Só consegui ler 2 textos mas estão excelentes.
    Lerei com muito prazer todos os textos que vocês publicarem . Espero dar conta de “degustar” todos.

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    • olhabempqbemtem

      Querido amigo Jader, muito obrigado pelo incentivo e carinho de sempre! Esperamos que goste muito e seus comentários e até críticas serão sempre muito bem vindos! Obrigado!!

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  • Pingback: Olha Bem pq Bem Tem | Comportamento | O bem não pode ir com a morte

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