Histórias do BemViagens

A Família Luft

#olhabempqbemtem Superar as dificuldades que a vida lhe apresenta.

Era uma vez uma família composta por pai, mãe e três filhos pequenos. O líder dessa família é um ótimo profissional de um ramo promissor: Tecnologia da Informação. Muito bem-sucedido… Por anos, foi sócio da empresa que era a primeira provedora de internet de seu país. Mas aí veio a crise. A empresa sofreu muito com a concorrência, abriu o capital e ele foi demitido.

Essa história começa como a de muitos brasileiros. Mas ela não ocorreu no Brasil… Esta é a história de Marcel, Ute, Jonas, Jan e Ben Luft (Ah! E tem a Lucy!! Mas a Lucy merece ter um post só pra ela!).

Quando tudo isto aconteceu, esta família morava em Stuttgart (Estugarda): uma grande cidade alemã, com um custo de vida bastante alto.

A crise durou alguns anos e foram momentos muito difíceis.  Claro que, com a experiência e os contatos que Marcel tinha, ele conseguiu trabalho em seu ramo… Mas não era o suficiente para sustentar aquele custo de vida… As dívidas aumentavam na mesma proporção que o estresse e as horas de trabalho. A qualidade de vida piorava a cada mês.

Bastante inconformados com essa situação, eles buscavam uma maneira de reverter esse quadro! Eles queriam ter mais tempo e mais espaço para eles mesmos!

Foi então que, viajando pela Baixa Saxônia, nos arredores de Lüneburg (Luneburgo), eles se espantaram com a diferença dos preços dos imóveis nessa região, se comparados com os de onde moravam! Era tão mais barato!

Eles se mudaram e em 2006 compraram uma enorme fazenda pela incrível bagatela de 11.000 euros (se estou bem lembrada da conversa…)! Ok… A fazenda estava em frangalhos… Mas com a venda dos bens que tinham na outra região, eles não só compraram a fazenda, como conseguiram pagar todas as dívidas. Eles passaram a ter mais paz, mais liberdade e deram início a uma enorme aventura!

Aos poucos, Marcel e Ute foram reformando cada pedacinho da fazenda junto com seus filhos, mas mantendo os aspectos originais da fazenda do século XIX. Seus sonhos cresciam conforme seus filhos também cresciam!

Completamente autodidatas…

Eles correram atrás de todo tipo de informação para reformarem sua casa e a transformarem num local confortável e seguro às intempéries comuns da região (chuva, vento, neve e frio).

Eles também começaram a plantar e a criar animais no espaço que tinham. E, sem que se dessem conta, tornaram-se praticamente autossuficientes. Começaram a perceber que não precisavam mais frequentar o mercado como antes… E viram o quanto isso era bom!

Com organização e planejamento, eles conseguem ser praticamente autossuficientes com relação a frutas, verduras, legumes, ovos e carnes. Muito daquilo que eles não tem, eles trocam por outros tipos de produtos com seus vizinhos (ou compram e vendem entre si)… Há vizinhos produtores de leite, outros produtores de cereais, outros fornecem carnes que os Luft não possuem, outros ainda adoram caçar cogumelos!

Se a colheita foi muito boa, o excedente transforma-se em geleias, compotas, molhos, conservas e patês que duram anos!  Ah… Os Luft também produzem vinhos e cervejas! Aliás, o filho do meio do casal, Jan Luft, hoje é um mestre cervejeiro formado e premiado (mas isso é assunto para outro post)!

Ah… Eles também começaram a criar ovelhas para produzir lã! A Ute tem desenvolvido toda uma linha de produtos feitos a mão com a lã de suas ovelhas (belíssimos, por sinal!). Claro que esse trabalho tem aberto portas para parcerias com outras produções têxteis que também visam a sustentabilidade.

O mercado ainda é responsável por fornecer café, chocolate, chá, arroz e parte das massas.

Mas não é incrível o que eles tem feito por aqui? E um detalhe importante: eles não usam fertilizantes, nem pesticidas, nem tem empregados! Como o próprio Marcel disse: “Eu só uso workawayers“! rsrs (Se você ainda não sabe o que é o Workaway, leia esse texto aqui).

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Bem, eu não sei vocês… Mas eu diria que Marcel e sua família são pessoas muito corajosas!

Imagine largar tudo para morar numa fazenda em frangalhos, localizada no minúsculo vilarejo de Weitsche? E é um vilarejo MESMO: uma rua e, no máximo, uma dúzia de casas. Já contamos neste outro post que as duas maiores cidades ficam a 10km e 11km daqui. Além disso, desde 2009 eles deixam estrangeiros, viajantes de todas as partes do mundo trabalharem em seu jardim!

Bem, como diz um famoso ditado em latim: “A sorte segue a coragem!” E não tenho dúvidas que a sorte acompanhou a família Luft. Não só por sua coragem, mas, sem dúvida, por sua generosidade.

Por sua generosidade, eles conquistaram toda a vizinhança que está sempre pronta a ajudar. São amigos que estão sempre criando confraternizações, festas e encontros entre si e para si. (E que vizinho não ia gostar das incríveis “Noites de Pizza” promovidas pelos Luft ao lado do forno a lenha construído por eles com esse propósito!?).

Por sua generosidade, eles recebem os workawayers, e ensinam muito sobre esse estilo de vida que só pode trazer mais BEM ao mundo (torcendo, sem dúvida, para que esses aventureiros não estraguem alguma plantação ou coloquem fogo em sua casa) rsrs.

Se “o outro é nosso espelho“, ficou muito claro para os moradores das redondezas a competência de Marcel como profissional da tecnologia da informação. Hoje, ele usa toda a sua experiência para prover internet para grande parte dos moradores daqui.

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Assim… Vivendo com prazer, aproveitando cada momento…

Eles vão tendo mais ideias, vão estudando mais, vão produzindo mais! Vão vivendo e dividindo a jornada deles com quem quiser ler no site: http://luft.de/ (Sim, está em alemão, mas você pode pedir pro Google Tradutor te dar uma ajudinha… Se você souber inglês, a tradução fica melhor).

Claro que há colheitas ruins, claro que há momentos ruins. Como eles mesmos disseram, eles também tem seus defeitos… Mas quem não tem?

Este é um espaço para dividirmos o BEM. E BEM é sabermos que as crises são cíclicas. Elas continuarão existindo… De tempos em tempos elas aparecerão para nos tirar do comodismo, das nossas áreas de conforto. Cabe a nós decidirmos como agiremos diante delas.

Que possamos sempre transformar as crises pelas quais passamos em grandes oportunidades, como fez e faz a família Luft.

Por Rachel Jaccoud Amaro Mendonça

Rachel Jaccoud Amaro

Rachel é historiadora por formação, escritora por vocação e fotógrafa nas horas vagas. Ama quebrar paradigmas e, exatamente por isso, abraçou o Olha Bem pq Bem Tem como projeto de vida.

10 thoughts on “A Família Luft

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