O que carregar em nossa caminhada…
#olhabempqbemtem… Em não nos deixar diminuir pelo tamanho da caminhada.
Podemos afirmar que a nossa maior caminhada é nossa vida?
Eu, pelo menos, acredito que a grande maioria de nós torce para que essa caminhada que chamamos de vida seja a maior de todas as caminhadas que possamos ter… Estou correto?
Entretanto, parece que em determinados momentos, esquecemos do quanto uma grande caminhada (no sentido estrito da palavra) pode ser renovadora, inspiradora e nos trazer os mais diversos benefícios…
Por isso, muitas vezes vamos nos “diminuindo” em prol do cansaço que fazemos questão de carregar e que acaba se destacando por todo o trajeto. Como consequência, esquecemos de apreciar aquilo que pode aparecer à nossa volta.
Foi essa reflexão que eu fiz no último domingo e é sobre ela que quero continuar escrevendo nas próximas linhas… Mas, antes de continuarmos, para que você entenda todo o contexto, é importante que você leia este artigo da semana passada: “Viajar de uma nova forma“.
O domingo estava realmente lindo! No dia anterior, passeávamos pela cidade de Bremen, debaixo de chuva. Mas, agora, tínhamos o sol como companhia e um céu muito azul! Tivemos também a brilhante ideia de darmos uma volta pela cidade de Lüneburg e sermos presenteados com uma fantástica feira medieval que acontecia bem no centro… BEM, mas isso é tema para outro post…
Mas tivemos que sair às pressas da feira…
Era preciso pegar outro trem para desembarcarmos em Dannenberg, a cidade mais próxima do vilarejo de Weitsche (onde fica a fazenda autossustentável) com estação de trem.
Foi muito difícil sair de Lüneburg. A feira estava com um astral super legal! Tinham bandas medievais, comidas e bebidas típicas da Idade Média, tudo feito “artesanalmente”. Vimos pessoas vestidas a caráter, desde camponeses, vikings, até soldados com suas pesadas armaduras.
Nós estávamos “postergando” nossa volta… Apesar de não termos armaduras, a mochila ficava cada vez mais pesada… Além disso, a volta significava pegar um trem que levaria 1 hora para chegar em Dannenberg e, então, teríamos que andar aproximadamente 10 km até Weitsche, porque não há transportes públicos para um vilarejo que possui menos de 20 casas.
Mas tínhamos que voltar… Afinal, se escurece, a caminhada de 10 km poderia ser ainda pior! E foi uma aventura, pois quase perdemos o trem que nos garantiria a chegada ainda durante o dia!
Eram aproximadamente 16 horas quando desembarcamos em Dannenberg. A viagem havia sido muito boa e nos rendeu uma linda cena do BEM, publicada na última quarta-feira no Instagram e no Facebook.
Chegamos em Dannenberg e tínhamos que apressar nossos passos…
PQ além de ser um caminho que nunca havíamos feito andando, não poderíamos correr o risco de escurecer enquanto estivéssemos a caminho da fazenda. Basicamente a rota era uma estrada deserta, em meio a plantações e florestas, sem qualquer tipo de iluminação artificial.
Logo saímos da pequena cidade e ficamos cada vez mais longe das casas e ruas. E vimos cada vez menos movimento das pessoas… É… Parece que estávamos no caminho certo!
A beira da estrada, vez ou outra tinha uma casa. O restante era plantação:
de batata, de milho, de beterraba e de tantas outras verduras. E quando não era plantação ao lado da estrada, era um aglomerado de árvores lado a lado, formando um grande e belo túnel natural.
Caminhávamos… caminhávamos… caminhávamos…
E aí vem a lição que eu tirei.
Estava carregando uma mochila com as coisas que levamos para a viagem do final de semana, e para pesar mais ainda tinha o laptop.
Os ombros começaram a querer arder. Havia passado pouco menos de meia hora! Mas acho que as horas na feira com a mochila nas costas estavam “pesando” ali também.
Pelo nossos cálculos seria uma caminhada de duas horas aproximadamente.
Isso sem parar para fotos ou outra coisa do tipo.
Mas como, sendo turista, não parar para fotografar?
Eu estava ali naquela estrada que parecia não ter fim, e antes que resolvesse pesar mais a mochila, doer mais meus ombros e pernas, lembrei de um conto que havia lido há poucos dias.
Diz assim:
Um velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse. O jovem tomou a água salgada.
- Qual é o gosto? Perguntou o Mestre.
Ruim. Disse o jovem, sem pensar duas vezes.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse junto com ele ao lago. Os dois caminharam em silêncio e, quando lá chegaram, o mestre mandou que o jovem jogasse o sal no lago. O jovem então fez como o mestre disse.
Logo após o velho disse: – Beba um pouco dessa água.
O jovem assim o fez e, enquanto a água escorria pelo seu queixo, o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
Bom! – o jovem disse sem pestanejar.
Você sente o gosto do sal?, perguntou o Mestre.
Não. – Disse o jovem.
O Mestre então se sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está à sua volta. E dar mais valor ao que você tem, em detrimento do que você perdeu. Em outras palavras: é deixar de ser copo, para tornar-se um lago.
Lembrar deste conto me fez tirar a gaita de minha mochila e começar a musicar aquele caminho (não posso dizer que sei tocar gaita, mas faço um som).
Passei a dar atenção à beleza que me cercava. Respirava o ar puro que ali corria. Admirava as nuvens brancas daquele céu azul…
Ouvindo o som dos pássaros que voavam e se escondiam entre as copas das magníficas árvores.
Festejando com a vitória da chegada; sendo presenteado com o encontro da lua e do sol no mesmo céu.
Chegamos em pouco mais de duas horas. O sol já se despedia, quando chegamos.
Paramos e foi aí que percebi que as pernas doíam.
Mas nada como um delicioso banho quente, uma aconchegante cama para um devido descanso de um eterno final de semana.
Então agora, quando estiver diante de uma grande caminhada, desejo que se lembre de optar por carregar aquilo que de mais bonito encontrar nessa caminhada.
Essa é a ideia do Olha Bem pq Bem Tem… Selecionar o BEM que está a nossa volta todos os dias.
Espero que tenha lhe inspirado e deixado sua caminhada mais leve e bonita essa nossa reflexão.
Muito obrigado e… #olhabempqbemtem
Por Luiz Felipe Sandins Mendonça
Pingback: Olha Bem pq Bem Tem | Textos e Fotografias | A Família Luft
Pingback: Olha Bem pq Bem Tem | Comportamento | Viaje com menos e tenha mais