Se Eu Não Tivesse Te Conhecido
E quem nunca se perguntou: “E se eu tivesse feito assim invés de “assado”?!”. “E se eu nunca tivesse te conhecido?”.
Esta indicação de Filme do Bem é um pouco diferente porque, afinal, é primeira vez que uma série dramática de ficção científica aparece por aqui. Continue lendo para entender o porquê.
Descrição
Se Eu Não Tivesse Te Conhecido (Si no t’hagués conegut) é uma série catalã com 10 episódios de aproximadamente 50min, produzida pela Netflix e disponível no Brasil desde março de 2019. Inspirada na ideia original do famoso dramaturgo catalão Sergi Belbel, que também assina como roteirista ao lado de Cristina Clemente e Roc Esquius,a trama mistura ficção científica, fantasia e drama romântico ao apresentar um complexo tema: universos paralelos.
Eu não sou nenhum matemático ou físico, muito menos astrofísico, embora um dia já tenha pensado em ser, mas sempre gostei de filmes sobre universos paralelos, viagens ao tempo e coisas do tipo. Por isso, à primeira indicação, corri para assistir esta série. E, após aproximadamente 10 horas divididas em dois dias, chegava ao fim “Se eu não tivesse te conhecido”.
História
No enredo, Eduard (Pablo Derqui) é um empresário casado com a historiadora da arte Elisa (Andrea Ros). O casal tem dois filhos e vive (feliz ou não) em meio a rotineiros conflitos familiares até que um acidente destrói tudo. Em um momento de desespero, Eduard encontra uma senhora idosa (Mercedes Sampietro) que se apresenta como uma renomada cientista que precisa de um voluntário para testar sua nova invenção: uma máquina que permite transitar em diferentes realidades paralelas.
Imediatamente, Eduard vê uma oportunidade de mudar os acontecimentos para que, pelo menos em algum mundo, Elisa não sofra tanto, mesmo que isso signifique nunca tê-lo conhecido.
Por que “Se eu não tivesse te conhecido” é um Filme do Bem?
“Se eu não tivesse te conhecido” mostra a indignação de um homem diante das coisas que acontecem com ele. O tempo todo ele se indaga sobre suas escolhas e se culpa pelos resultados consequentes dessas decisões. E quem é que não precisa tomar decisões todos os dias?
Assim, ao assistir a série, fui convidado a refletir sobre os mais infinitos “ses” da vida…
Se eu não tivesse te conhecido…
Se eu não tivesse aceitado…
Se eu não estivesse lá…
Se eu tivesse ficado…
Se eu tivesse aceitado isso… aquilo… ou aquilo outro…
Há sempre um universo de “ses”. Mas, ao mesmo tempo, será que um dia saberemos se eles existem mesmo? Ainda não sei. Não saberemos.
A vida é como um trem em movimento: por mais que saibamos para onde estamos indo, não depende de nós, única e exclusivamente, chegar ao destino final. E jamais saberemos quando será (e se existe de fato) esse tal final. Entretanto, eu tenho a escolha, enquanto estiver em pleno controle de mim mesmo, de tomar as minhas decisões. Dentro de nossas próprias escolhas, podemos idealizar os resultados, mesmo sabendo que jamais teremos a plena certeza do que será.
Confuso? Pois é… Mas Se eu não tivesse te conhecido é um filme do Bem porque me fez refletir que embora eu saiba e possa idealizar resultados, melhor que isso é poder estar presente, atento ao hoje e ao agora, observando o máximo possível no percorrer deste caminho.
É somente o hoje que conta. E será melhor viver e aproveitar a paisagem ao redor do que seguir preso, com uma venda de culpas, com a constante dúvida de como poderia ser se tivéssemos feito de outro jeito.
Se eu não tivesse te conhecido é uma série digna de maratona, daquelas que não conseguimos parar de assistir. É divertida, tem cenas engraçadas, e pode ser dolorosa também.
Mas, ao assisti-la, não deixe de refletir sobre essa questão que julgo ser a principal: é o presente que importa, não o passado, e nem o futuro. Porque, afinal, não temos o controle pleno de situação alguma, mas podemos garantir a intensidade que desejamos na tomada de qualquer uma de nossas decisões.
E assim desejo que minhas decisões sejam as melhores e as suas também.
Não deixe de contar para a gente o que achou da série! Já tinha assistido? Então conte para a gente se você tinha pensado em todas essas questões. E veja outras sugestões de Filmes do Bem aqui.
Muito obrigado e… #olhabempqbemtem
Luiz Felipe Sandins Mendonça
Eu gostei do trama mas não entendi o porque ela está mãos velha que ele !
Olá, Guina! Que bom que você gostou. Vou tentar te explicar rapidinho por aqui. (CUIDADO, SPOILER!) Ela está mais velha porque só conseguiu inventar a máquina do tempo muitos anos mais tarde, após ter ganhado o prêmio Nobel e ter perdido sua família. A viagem ao tempo foi uma invenção posterior à sua perda, e que ela só desenvolveu por causa da perda. Conseguiu entender e visualizar agora? Muito obrigado por seu comentário. =)
Quem foi o amigo que nunca voltou do experimento?
Qual a relação dela com o sogro do Eduard, onde isso se encaixa? Obrigado
Amei a série. Acrescento a minha interpretação inicial. Até o capítulo 9 eu achei que era a mente de Eduard que o levava a acreditar nesses universos. Os enlutados por tragédia, principalmente, imaginam ou até acreditam em uma realidade diferente daquela que realmente aconteceu para minimizar a dor insuportável da perda, da culpa, do desespero. Vivi muito isso e sei que é uma forma de auto reconforto. Normalmente, vivemos em um mundo de imaginação para fugir desse sentimento tão ruim. Eu pensei que fosse o caso de Eduard. Não sei, só sei que entrei nesse personagem e viajei por muitos universos paralelos.
Olá, Marcia! Muito obrigada por compartilhar com a gente a sua visão sobre a série. Realmente ela oferece muitas interpretações e isso é muito legal, porque possibilita que cada um se identifique de acordo com sua própria experiência de vida. Que bom que você gostou! =)
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