Comportamento

#Desapego (parte 3)

OU Era uma vez uma casa…

#olhabempqbemtem …Uma casa.
#olhabempqbemtem …Desapegar para viver novas aventuras.

Era uma vez uma casa que eu amava muito.
Amava porque ela tinha história. Amava porque pertencia a pessoas amadas. Amava porque tinha sido um presente.

Ali eu percebia o carinho com que os antigos donos cuidavam dela… E tentava reproduzir, colocando ali todo o meu carinho também.

Era uma vez uma casa que eu amava muito. Amava porque foi o primeiro lugar que eu pude chamar de lar após a minha vida de casada. Amava porque, juntos, eu e meu marido a enchemos com as nossas personalidades, e pensávamos sobre o que faríamos em cada cantinho, cada pedacinho, cada parede.

Ainda lembro “como se fosse amanhã” do dia em que chegamos ali e começamos a visualizar o “e se ali morássemos?”. Ainda lembro das maquinações sobre as cores das paredes e a posição dos móveis. Ainda lembro do sabor do primeiro brinde por ali estarmos.

Era uma vez uma casa que eu amava muito. Amava porque ali fomos muito felizes, a cada sorriso, a cada lágrima, a cada paixão, a cada sonho. Em muitas comemorações, com amigos ou a dois. Em momentos de desespero também e em todas as nossas discussões. Porque a casa, afinal, estava sempre ali pronta para nos acolher.

Era uma vez… Porque já não é mais…

A casa ainda está lá. Mas agora alegrará outras pessoas. A casa ainda está aqui e sempre estará em nossos corações. Mas agora está vazia, vazia de nossos pertences, vazia de nós.

E apesar deste ser um texto de despedida, ele não pretende ser um texto triste.

Houve dias em que sonhei em fincar raízes, pensei em reformas, em prestações e em tornar tudo aquilo ainda maior do que era. Mas esse sonho passou.

Houve dias em que temia partir. Seria melhor desejar o que todos desejam e lutar por uma estabilidade, uma continuidade, uma perenidade. Mas como fazê-lo se nós já não éramos os mesmos?

Não, não era isso que nós desejávamos. Por isso, foi necessário partir. Com o desejo simples de amar outro lugar, outro lar. Afinal, é a esperança que nos move. Esperança por dias melhores, por horas mais duradouras, por minutos mais inesperados, por segundos mais vividos.

Agora é respirar fundo. É a “hora do mergulho”. E lá no fundo nós já sabíamos.

Nós já sabíamos que não era “pra sempre”. Sabíamos que não escolheríamos a casa que tanto esteve do nosso lado. Que não escolheríamos os dias repetidos. Que preferiríamos as surpresas, sejam elas agradáveis ou não.

Há muito a esperar. Há muito que desejar. Há muito que se viver. E do que restou, fica um imenso sentimento de gratidão.

Então…

Muito obrigada, querida casa, por nos acolher. Muito obrigada pela bela visão do nascer do sol que você nos proporcionou por tantos dias. Muito obrigada pela brisa da tarde. Muito obrigada por sua constante luminosidade. Muito obrigada por nos ouvir. Muito obrigada por cuidar de nós. Muito obrigada por sua vizinhança, repleta de lugares que nos fizeram tão bem… Muito obrigada pelos dias e pelas noites vividas em ti.

Muito obrigada por ter feito parte de nossas vidas.

…To be continued…

Rachel Jaccoud Amaro Mendonça

Trilha sonora deste post:
A Hora do Mergulho – Engenheiros do Hawaii

P.S Este foi o terceiro post da série #Desapego. Para entender melhor essa história, leia #Desapego (parte 1), #Desapego (parte 2) e siga o nosso blog para não perder #Desapego (parte 4).

Rachel Jaccoud Amaro

Rachel é historiadora por formação, escritora por vocação e fotógrafa nas horas vagas. Ama quebrar paradigmas e, exatamente por isso, abraçou o Olha Bem pq Bem Tem como projeto de vida.

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