Reflexões de fim de ano

#olhabempqbemtem em saber direcionar corretamente nossas reflexões ao término de mais um ano…

Mais um ano termina. E como sempre cheio de frustrações e concomitantemente expectativas. Tantos objetivos não alcançados, metas não realizadas. É comum essa última semana do ano vir carregada de reflexões como essa. Muitas delas nos entristecem. E talvez por conta da minha forte formação religiosa, em momentos assim ouço-me murmurando: Por que estás abatida oh minha alma? Porque te perturbas dentro de mim?(minha avó repetia esse salmo bíblico constantemente).

Sempre sou tomado por esses pensamentos nessa época. E sei que estou acompanhado por muitos. Mas quando isso acontece, procuro refletir também (além de refletir nas minhas frustrações ) no que disse um personagem bíblico, cujo nome era Jeremias e tinha como ofício ser profeta.

Disse ele certa vez: “Todavia, quero lembrar do que pode me dar esperança”… E olha que quem disse isso, foi um cara que, como costumamos dizer, comeu o pão que o diabo amassou.

Mas antes de dizer isso, ele também falou: “Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim”.

E então ele diz: “Todavia quero lembrar do que pode me dar esperança”.

Direcionar corretamente nossas reflexões de fim de ano é lembrarmos, ou, trazermos a memória, o que pode nos dar esperança…

E o que frequentemente nos dá esperança é a certeza de que nem sempre será assim… Quando estou enfrentando uma forte gripe, com muita coriza, congestionamento, dores no corpo, procuro sempre pensar que a maior parte de minha vida até aqui foi, é e continuará sendo sem nada disso: respirando normalmente, com nariz e corpo, ok… Parece uma coisa boba, mas é esse pensamento de esperança que me faz prosseguir e saber que a gripe é apenas passageira e que ela vai passar, assim como minhas frustrações, decepções e situações difíceis que estou vivendo.

É por isso que quando estou vivendo momentos de amargura e pesar trago a memória três momentos marcantes em minha vida. O primeiro quando minha filha Roanna, na época com meses de idade , recebeu alta do hospital onde estava internada por vários dias. O segundo quando dirigindo nas ruas de Recife, anos atrás, recebi a notícia de que minha filha Rachel havia passado no vestibular da UFRJ. O O terceiro, mais recente, quando minha filha Rebecca, comunicou-me que havia alcançado a vaga no concurso que prestou para serviço social na Marinha do Brasil.

Dessas notícias boas lembro sempre, porque alimentam a minha esperança.

Nunca esqueço uma frase que ouvi certa vez num treinamento de planejamento estratégico: “The best is yet to come”, ou seja, o melhor ainda está por vir. Se para você o ano que passou merece ser esquecido, ou o tempo difícil segue, ou até mesmo o tempo sem graça, em que nada é digno de nota insiste em acompanhá-lo, saiba que as estações mudam e que o melhor ainda está por vir!

Direcionar corretamente nossas reflexões de fim de ano é também recheá-las com um pouco de fé.

Uma das canções que mais gosto d’O Rappa chama-se Anjos:

Em algum lugar, pra relaxar

Eu vou pedir pros anjos cantarem por mim

Pra quem tem fé

A vida nunca tem fim

Não tem fim, é

Se você não aceita o conselho, te respeito

Resolveu seguir, ir atrás, cara e coragem

Só que você sai em desvantagem se você não tem fé

Se você não tem fé

Te mostro um trecho, uma passagem de um livro antigo

Pra te provar e mostrar que a vida é linda

Dura, sofrida, carente em qualquer continente

Mas boa de se viver em qualquer lugar, é

Volte a brilhar, volte a brilhar

Um vinho, um pão e uma reza

Uma lua e um sol, sua vida, portas abertas.

E não se trata de religião. Ter fé é sobretudo algo pessoal. As coisas estão difíceis, mas eu sei que vão mudar. O caminho está complicado, mas esse é o caminho que preciso percorrer nesse tempo. Fé é o que nos mantém de pé.

E é a fé que nos faz criar as expectativas e os alvos para o próximo ano. E a convicção de que poderemos alcançá-los.

A fé tem poder pra repreender as frustrações, e realizar as expectativas.

Também três momentos com minhas filhas alimentam e preenchem de fé minhas reflexões de fim de ano. Curiosamente os três momentos ligados a cerimônia de seus casamentos.

O primeiro referente a filha Rebecca: um dos momentos de maior emoção de minha vida foi vê-la vestida de noiva segundos antes de levá-la ao altar: fé ligada a um sentimento de missão cumprida com minha menininha… O segundo referente a filha Roanna. Quando começou a tocar na pista de dança I Will Survive (que amo de paixão, não me interpretem mal rsrs), ela atravessou todo o salão de festas e foi me buscar para dançar com ela. Fé ligada a um sentimento de cumplicidade e amor. E o terceiro momento com minha filha Rachel. Depois de um relacionamento traumático que tanto a machucara e que afetou toda a família, pude vê-la feliz e realizada ao lado daquele que chegou para fazê-la acreditar de novo no amor. Fé ligada a um sentimento de que milagres existem.

Olha bem porque bem tem: direcione corretamente suas reflexões de fim de ano. Procure lembrar-se do que lhe traz esperança. E procure recheá-las com um pouco de fé.

Nem sempre é Paris. Mas Paris acontece, ou pode acontecer.

Mais do que o fato concreto que certamente virá, é o sentimento, é a sensação, é a certeza que nos mantém no dia a dia, na fantástica aventura de simplesmente viver.

Feliz 2019.

Dirceu Amaro Junior

Trilha sonora deste post:
Anjos – O Rappa