Referências para a loucura

OU …Nomes que me ajudaram a abandonar uma carreira promissora mas infeliz.

#olhabempqbemtem …ter referências para a loucura.

Há dois anos eu saí de um emprego bem remunerado e relativamente estável (porque, afinal, o que é estável neste país?) para me dedicar inteiramente à escrita e à novas aprendizagens. Não recomendo isso a ninguém: é perigoso e requer muito planejamento. Por outro lado, naquela ocasião eu não estava vivendo. Estava apenas sobrevivendo. E, por mais que tentasse, não conseguia conciliar os meus sonhos com aquele dia a dia.

Mais mudanças se aproximam e, por duas vezes na semana passada fizeram-me a mesma pergunta: mas, Rachel, como foi que você chegou até aqui? Quem diria, né?

Por trás da pergunta subentende-se: Como foi que você largou duas carreiras promissoras por um sonho, pelo incerto, pelo duvidoso? Tem certeza de que é isso mesmo que você vai fazer?

Mas é claro que esta pergunta não é nada fácil de ser respondida. Muitos foram os fatores para as minhas ações e apenas eu sou responsável por elas. Mas, de fato, o trabalho de algumas pessoas corroborou muito para que eu tomasse as decisões que eu tomei.

Como sou a favor das mudanças, da quebra de paradigmas, da realização de sonhos e da busca por uma vida que a gente goste de viver, resolvi compartilhar aquilo que chamo carinhosamente de “minhas 6 referências para a loucura” na esperança de que elas possam te inspirar a ser mais feliz, da mesma forma como me inspiraram.

Alex Castro

Uma amiga, historiadora como eu, indicou-me os textos do Alex Castro. Passei meses recebendo newsletters em minha caixa de e-mails sem dar muita atenção, lendo eventualmente e gostando sempre que lia. Aí o mundo profissional desabou, momentos de grande crise vieram e eu passava várias horas na frente de um computador sem ter nada para fazer. Tirei o atraso! Passei a ler muitos e muitos textos do Alex até que cheguei na série As Prisões.

Especialmente as Prisões Trabalho e Dinheiro foram um soco no estômago do meu estilo de vida, um tapa na cara da menina privilegiada que teve o azar (ou a sorte) de gostar das Letras e das Artes, foi a porteira aberta para um milhão de possibilidades.

Escritor polêmico, e apenas por coincidência (ou não) também um historiador por formação, o Alex Castro escreve sobre muitas coisas. Mas ele se supera sempre que tenta entender e desmistificar atitudes que seriam muito naturais ou que já estão enraizadas em nossa cultura. Ele, sim, na minha opinião, é um verdadeiro quebrador de paradigmas (quer ele queira ou não). Por isso, eu considero as séries As Prisões e Exercícios de Atenção leituras obrigatórias para qualquer um que esteja minimamente insatisfeito com sua própria vida.

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Márcio Libar

Um amigo empreendedor que nada tem a ver com as Letras e as Artes deu de presente para o meu marido uma imersão misteriosa. Não sabíamos do que se tratava, o que aconteceria, tínhamos apenas a palavra do amigo de que aquela era uma experiência maravilhosa.

O meu marido foi e voltou completamente transformado, feliz, realizado e não me disse nada sobre o que tinha acontecido! (Foi de matar a curiosidade dessa pequena mulher controladora que vos fala). Mas não adiantava insistir. O Luiz Felipe estava decidido a manter segredo e apenas disse que eu tinha que fazer o dito “curso” também. Pois então lá fui eu participar do Grand Cirque du Messiê Loyal. Quer saber como foi? Eu também prefiro que você faça sem saber nada sobre isso!

O responsável pela imersão é o ator e diretor Márcio Libar que tem o dom de encantar as pessoas com sua arte, sua experiência de vida e o domínio sobre conhecimentos diversos que vão da física quântica ao empreendedorismo. Com o mote “Jamais serás quem tu não és”, ele consegue despertar o que há de melhor em nós. E com o mote “O outro é o nosso espelho”, ele transforma o mundo ao nosso redor. Foi durante a imersão que eu resolvi voltar a escrever. Ali escolhi a escrita como a minha arte. A partir dali tracei metas bem definidas para a minha vida. Não é magia, não é coisa de guru, é pura arte. Mas só vivendo para saber e entender.

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Eme e Jaque dos Nômades Digitais

Quando o Luiz Felipe voltou do Grand Cirque du Messiê Loyal, ele me fez uma pergunta: se você não precisasse de dinheiro, o que você gostaria de fazer? Eu respondi sem titubear: “Essa é fácil! Eu largava tudo e ia viajar pelo mundo!”. E então o Luiz Felipe falou: “Ótimo. Vamos fazer isso!”. Ao que eu respondi: “Você está maluco?!”. Mas é assim que surgem as grandes ideias. Eu me surpreendi com a rapidez de minha resposta e com a imediata concordância dele. Como se aquela ideia já estivesse em nossos corações há muito tempo. E comecei a fazer uma pergunta: seria isso possível?

No dia seguinte, recorri ao Google. Coloquei nada mais do que “viajar pelo mundo” e encontrei o blog “Nômades Digitais”. Uma navegada inicial mostrou-me uma coleção de histórias de pessoas que estavam vivendo a vida que eu queria levar! Como assim?! Aparentemente, não apenas meus sonhos mais malucos eram possíveis como já tinha gente (muita gente) vivendo eles.

Fiquei deprimida. Lembro bem das lágrimas rolando pela minha face enquanto eu lia o Manifesto escrito pelo Eme e pela Jaque, fundadores do Nômades Digitais. Afinal, eu não era tão louca assim. Tinha gente (muita gente) pensando exatamente como eu. Era possível, sim, trabalhar e conhecer o mundo ao mesmo tempo! Mas eu ainda estava ali, encaixotada dentro de um escritório, com a bela Baía de Guanabara na minha frente, sem poder usufruir dela. Minha pressão caiu. Cheguei em casa, chorei e dormi. Acordei. Eu ainda não estava lá onde eu queria, mas era possível, afinal!

Tim Ferriss

No Manifesto dos Nômades Digitais eles faziam referência ao Tim Ferriss, autor do Trabalhe 4 horas por semana. Curiosamente eu já conhecia o Tim de outro livro. Já tinha lido o 4 horas para o corpo, por causa de minhas pesquisas no campo da nutrição, saúde e bem-estar. O cara era ousado, eu já gostava dele e corri para ler. Porque o Trabalhe 4 horas por semana é espetacular eu já contei neste artigo aqui. E, como disse naquela ocasião, é preciso ir além do título marqueteiro para entender o motivo. Porque este não é um livro para preguiçosos, é um livro para mostrar que é possível mudar nossa relação com o trabalho, utilizando a tecnologia, o tempo e o espaço ao nosso favor.

Já recomendei o Trabalhe 4 horas por semana para muitas pessoas. E ele se tornou um companheiro diário porque seus ensinamentos estão muito presentes no meu dia a dia como nômade digital e porque uma de suas lições passou a ser um exercício diário.

Para qualquer situação vivida eu traço o melhor e o pior cenário. Paro e penso: “Se eu fizer isso, qual o melhor que pode acontecer? E qual o pior?”. É incrível como isso me ajuda a viver mais do jeito que eu quero! Se por um lado ser bem-sucedido em toda e qualquer ação ou em um dos meus sonhos mais loucos parece ser muito mais uma exceção do que uma constante; por outro lado, as consequências por não tentar segui-los são muito piores. Prefiro o risco, prefiro a coragem. Descobri que, para mim, o pior cenário é sempre aquele em que deixamos tudo ruim, como já está.

** O Tim Ferriss é bem popular no LinkedIn. Siga-o aqui.
** Compre: Trabalhe 4 horas por semana aqui.

Matheus de Souza

Mais ou menos na mesma época em que li o Trabalhe 4 horas por semana, o Pulse começou a me indicar os textos do Matheus de Souza. E a identificação com ele foi imediata. Estava ali um cara (na verdade um garoto muito mais novo que eu… Socorro! rs) que estava vivendo mais ou menos os mesmos dramas profissionais que eu, que tinha referências parecidas com as minhas (o próprio Tim Ferriss, por exemplo) e que tinha a meta clara de se tornar um nômade digital.

Ainda dentro de minha “prisão empresarial”, vi o Matheus se tornar Top Voice do LinkedIn, sair de Tubarão para conquistar o mundo, e realmente efetivar, tirar do papel, aquilo que eu queria e há até pouco tempo achava impossível. Melhor ainda, ao meu ver, o Matheus fizera tudo isso sendo quem ele é, com muita sinceridade e humildade.

Ainda hoje, os textos que ele escreve mostram sempre uma dimensão muito pessoal que traz mais veracidade ao que está sendo dito do que citar o autor B ou C sobre o qual todos falam. Ele é alguém que botou a cara e a coragem, seus dramas e conquistas a disposição de outros sonhadores como ele. E deu certo. Ele mostrou que pode dar certo.

** Assine a newsletter do Matheus aqui. Siga o Matheus no LinkedIn aqui.
** Compre o livro do Matheus: Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser.

Brené Brown

Por último, veio a Brené Brown. Um ano depois de já ter lido muito toda essa galera citada, retornei ao Grand Cirque du Messiê Loyal do Márcio Libar para uma visita. E foi então que ele me falou sobre a Brene.

Sair da teoria para a prática é sempre muito difícil! Há muitos medos, boicotes e desesperos no supermercado de nossa mente, especialmente se você é uma mulher perfeccionista, como eu. Naquela ocasião, eu já sabia tudo o que eu queria. Mas ainda me faltava coragem para expor minhas ideias, faltava-me coragem para escrever porque eu sabia que perfeito não ficaria. E não fica nunca.

A Brené, portanto, foi uma leitura fundamental para que de fato eu começasse a escrever, a me expor, sem tanto medo de errar, sem tanto medo de me frustrar, sem tanto medo de ser triste ou feliz. Apenas sendo.

** Siga a Brené no LinkedIn aqui. Assista as paletras da Brené no TED aqui.
** Leia: A coragem de ser imperfeito .

Um caminho sem volta

E tem sido assim. Todas as vezes que eu penso em desistir, eu penso também em continuar por causa das coisas que essa turma me ensinou. As dificuldades são muitas. Não me entendam mal! Não estou dizendo que abandonar duas carreiras promissoras é fácil (muito menos recomendado). Estou apenas compartilhando minha experiência para dizer que há opções, há mais escolhas do que imaginamos. Basta abrir os olhos para elas.

O que eu posso dizer é que estou feliz com as minhas escolhas, que sou muito grata a essas 6 referências para a loucura por tornarem minhas escolhas possíveis, e que estou longe de desistir.

Eu recomendo muito que você acompanhe essa turma, mas aviso: é um caminho sem volta!

Rachel Jaccoud Amaro Mendonça

**Os créditos da foto que ilustra este post vão para a Thais Aguilera, que registrou meu semblante durante a Imersão do Grand Cirque du Messiê Loyal. <3