Cenas do BemComportamento

#Gratidão (parte 2)

#olhabempqbemtem …Sermos gratos.

Às vezes o mundo simplesmente desaba sobre nós e ri dos nossos planos, da nossa agenda lotada, de todos aqueles minutos de ansiedade vividos em vão.

Foi isso que eu senti em março de 2020.

Em uma visão bastante egocêntrica, é inferno astral que chama, né? Sim… Em geral, o mês de março é sempre o mais tenso do ano. (Em 4 aniversários e 1 funeral eu contei que não gosto muito de completar anos de vida). Mas, em março de 2020, o meu inferno astral particular parece ter dominado o mundo inteiro.

De uma hora para a outra, tudo mudou. (Ou será que foi a gente que não quis enxergar o problema chegando?).

Em fevereiro, a Rio de Janeiro by Cariocas era uma agência de viagens francamente em ascensão e a Animaboom Eventos era uma empresa consolidada no ramo de entretenimento infantil. As ações na bolsa iam de vento em popa e poderiam garantir a mim e ao Luiz Felipe mais alguns meses de viagens, ainda que o câmbio do euro já não estivesse tão bom. A Omnilife era algo em que pensávamos em apostar por acreditar muito na qualidade de seus produtos. Mas não precisávamos ter pressa em relação a isso.

Do outro lado do Oceano Atlântico, minha família usufruía de saúde. Até mesmo minha vó, que há anos estava debilitada, e meu sogro, cuja história contamos algumas vezes neste blog, viviam dias cheios de energia e lucidez.

Mas um belo dia fomos dormir e, no dia seguinte, tudo mudou.

Mudança de planos

Ao reler “Tirar projetos do papel” consigo até reviver o espírito daqueles dias. Estava tudo bem. Estava tudo indo. Até que não se pode ir mais.

Porque às vezes o mundo simplesmente desaba sobre nós e ri dos nossos planos, da nossa agenda lotada, de todos aqueles minutos de ansiedade vividos em vão.

E quando isso acontece, a gente sempre tem algumas opções. Podemos sentar e chorar, desesperar-se e desistir. Ou podemos procurar, pedir e aceitar ajuda. Flexibilizar-se. E aproveitar o momento já que, realmente, o presente é a única certeza que temos. Afinal, não é à toa que, no Brasil, o momento “presente” é definido pela mesma palavra utilizada para definir “dádiva” ou “prenda”, como dizem os portugueses. Presente.

E foi um grande presente que eu e Luiz Felipe ganhamos durante a quarentena decorrente da pandemia do COVID-19 em Portugal.

Quando o mundo parou, estávamos em Braga, na casa de Marco, Marise e Pedro, tios e primo queridos, que até então não haviam poupado esforços em nos ajudar, desde que chegáramos a Portugal.

Impedidos de sair por aí como planejávamos, fomos convidados a ficar em Braga, fomos tratados como filhos e vivemos dias tão divertidos que não podemos sequer chamar de isolamento social.

A cura para o desespero

Às vezes o mundo simplesmente desaba sobre nós e ri dos nossos planos, da nossa agenda lotada, de todos aqueles minutos de ansiedade vividos em vão. Hahaha

Nesses momentos, melhor do que se desesperar, é aceitar e rir da situação. E, com a ajuda dos meus tios, nós sorrimos. Sorrimos muito!

De nossa quarentena, surgiu até um programa de humor! Você pode conferir os episódios no canal do YouTube do Luiz Felipe Sandins: Série Corona Vírus. Pensar nesses personagens, em suas facetas, bordões e figurinos rendeu-nos inúmeras gargalhadas. Algumas, inclusive, ficaram bem registradas nos próprios vídeos.

Nossa quarentena também rendeu-nos quilos a mais e quilos a menos. É que muitas vezes nosso único prazer era comer. Então testamos novas receitas, fizemos outras que eram comprovadamente maravilhosas. Claro, acabamos ganhando alguns quilos a mais que, por fim, o Luiz Felipe Sandins conseguiu eliminar com a ajuda dos suplementos da Omnilife. (Eu, particularmente, fiquei no zero a zero nesse quesito).

De toda forma, não me lembro de ter comido tão bem em nenhuma outra fase de minha vida. Porque a comida especial não era uma ou duas vezes na semana. Todos os dias eram dias de verdadeiros banquetes porque, afinal, nós amávamos comer e não tínhamos que gastar tempo com a vida lá fora. Pra completar, estávamos em grande número! Ou seja, haviam bocas suficientes para comer tantos quitutes.

Tivemos ainda momentos de jogatina com o Rummikub, comemorações de aniversário, momentos de reflexões e orações que nos fortaleciam a cada dia.

E foi preciso trabalhar a minha mente para que não me sentisse culpada diante de tamanho privilégio. Sim, o mundo estava passando por enormes problemas, e a gente, mesmo assim, vivia bem. Meu coração estava repleto de gratidão.

Gratidão

Às vezes o mundo simplesmente desaba sobre nós e ri dos nossos planos, da nossa agenda lotada, de todos aqueles minutos de ansiedade vividos em vão.

Perdi a minha vó durante a quarentena. Estava longe e sequer pude me despedir. Doeu. Muito. Mas foi ela que me ensinou a ser grata. Então eu não poderia agir de forma diferente.

No início de 2018 escrevi #Gratidão inspirada em uma linda oração que minha vó proferiu durante uma celebração de Natal. Naquele texto eu concluo que ser grato é, fundamentalmente, ser grato apesar das dificuldades, ser grato pelas coisas boas que lhe acontecem em meio às adversidades. E não o contrário. Afinal, ser grato quando apenas coisas boas acontecem é muito fácil.

A lição que minha vó me ensinou eu aprendi e comprovo: vale a pena. Vale a pena ser grato, apesar das adversidades. #olhabempqbemtem

A quarentena em Portugal foi acabando progressivamente. E finalmente deixamos Marco, Marise e Pedro viverem em paz, com a privacidade que eles merecem ter.

Acho que nunca conseguirei descrever o quão gratos eu e o Luiz Felipe somos por tão carinhosa e generosa acolhida.

Um dia esperamos poder retribuir tudo o que meus queridos tios fizeram por nós. Pra sempre, eu e Luiz Felipe lembraremos que, enquanto o mundo sofria, nós nos divertíamos juntos, usufruindo a todo o tempo da companhia uns dos outros.

Muito, muito obrigada.

Rachel Jaccoud Amaro

Com muito amor, para Marco, Marise e Pedro.

Trilha sonora deste post:
Dia especial – Tiago Iorc

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Rachel Jaccoud Amaro

Rachel é historiadora por formação, escritora por vocação e fotógrafa nas horas vagas. Ama quebrar paradigmas e, exatamente por isso, abraçou o Olha Bem pq Bem Tem como projeto de vida.

8 thoughts on “#Gratidão (parte 2)

  • Daiany Aparecida de Souza Rase

    Como sempre as sua palavras são exatas. Que a caminhada siga e nós estaremos aqui, expectadores desta felicidade. Você me inspira!

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    • Muito obrigada, Day! Saber que vocês estão sempre na torcida por nós é de fundamental importância. Muito, muito obrigada por sua leitura, por suas palavras e por todo o mais. <3

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      • Marise Amaro

        “Fazer o bem” sem dúvida faz mais bem para quem o bem faz, por isso também somos muito gratos por todo “esse bem” que vivemos juntos. Num período tão difícil, onde qualquer “bem” poderia ser visto como um simples “menos mal”, pudemos realmente viver dias intensos, divertidos, criativos e gulosamente gostosos! Que delícia, que prazer! Conscientemente não diremos “que venham mais dias de quarentena”! Hahahaha! Mas com certeza diremos “que venham mais dias do bem como aqueles”! Contem sempre com a gente, amamos vcs!

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        • Sim, tia!!! Que venham muitos dias divertidos como aqueles. Muito obrigada! Também amamos vocês. ❤️

  • Luana Ribeiro

    Mais um texto coerente e reflexivo pra conta. Adoro ler o que vocês escrevem. Faço uma verdadeira viagem imaginária e cheia de insights. Gratidão por isso! E sobre ser grato também em momentos de adversidades, isso também pode ser chamado de resiliência. E é isso que precisamos nesse momento: resiliência, além de flexibilidade, criatividade e da própria gratidão pelas pequenas coisas/momentos. E vocês conseguiram atravessar esse momento tão difícil com todas essas qualidades. Fizeram do limão uma limonada como dizem. Fico muito feliz por isso! Que possamos seguir nossos caminhos cada mais vez mais gratos e resilientes.

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    • Oi, Luana! Seu desejo é o nosso. Afinal, resiliência e gratidão não apenas fazem parte da vida, como também a deixa mais leve. Obrigado por seu comentário. Ficamos muito felizes em saber o quanto você curte nossos textos. =)

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  • ARMINDA SANDRA GOMES SANDINS MENDONÇA

    Que delícia de texto, faz a gente realmente viajar na imaginação, se sentir gratos por tê-lo para ler, mais gratos ainda quando pensamos que, de alguma forma, mesmo que pequenina, fizemos parte dessa realidade! Amei a trilha sonora, muito bem colocada por sinal! Saudades de dona Gilma, alma linda e abençoada onde quer que esteja, receberá esses fluídos de Amor e Gratidão! Amém

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    • Sem dúvida vocês fizeram (e fazem) parte dessa realidade, com uma participação nada pequena. Muito obrigada por seu carinho e por esse lindo comentário.

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