Brincar com o que se tem
#olhabempqbemtem… Saber brincar com aquilo que se tem e dar asas à imaginação!
Se você está acostumado a brincar com uma criança, provavelmente já percebeu que elas se divertem com qualquer coisa que esteja diante de seus olhos.
São sempre cenas lindas de se ver… Um monte de palha, uma mesa, travesseiros, cadeiras. Em suas mentes criativas, transformam-se em outros objetos, cenas e vivências.
Ainda me lembro bem de quando eu mesma era criança. Até passava por minha cabeça frívolos desejos de ter aquela imensa casa da Barbie que as amigas X e Y tinham… Mas a ideia se esvaía em segundos ao lado de minha irmã, que montava verdadeiras mansões imaginárias, utilizando os brinquedos que tínhamos, em conjunto com nossa cama, armário, escrivaninha e tudo o mais!
Aliás, fico sempre muito feliz quando lembro que meus pais, com o dinheiro que tinham, priorizaram nossas férias, nos presenteando com longas viagens de carro pelo Brasil afora, ao invés de nos cobrir com os brinquedos que cresciam e encareciam ano após ano nas prateleiras das lojas… (Tudo bem que o efeito colateral disso foi, anos mais tarde, a filha mais velha querer largar tudo para viajar… Mas minhas irmãs são bem normais).
Eis uma angústia desnecessária, vivida por muitos adultos… Infelizmente, o sistema em que vivemos, a mídia e toda a construção social em que estamos inseridos, nos levam a acreditar que precisamos encher nossos filhos de brinquedos e retribuí-los com aqueles de última geração porque, afinal, eles merecem.
Muitas vezes os pais fazem, inclusive, enormes dívidas para agradar seus filhos ou, o que é pior, para não parecer que eles são inferiores aos coleguinhas da escola, que já possuem o brinquedo ultra-máster-plus de última geração desde o mês passado…
Ah… Mas o que é que estamos fazendo com nossas crianças!?
Ao invés de sufoca-las com nossas Necessidades Desnecessárias, deveríamos aprender com elas!
Brincar com elas e como elas!
Tenho muito orgulho de 4 CENAS DO BEM que divulgamos nos últimos meses.
No início de outubro, em meio a uma feira medieval destinada ao público adulto na cidade de Luneburg, me encantei com crianças que começaram a jogar palha uma na outra em meio a verdadeiras gargalhadas. Tão felizes estavam!
Neste mesmo mês, Virei Baby-sitter e me encantei com a criatividade de Lennard que, apesar de ter um quarto cheio de brinquedos, preferia ter a impressora de sua mãe como garagem para seus carros, usar uma velha caixa de madeira como um incrível contêiner para barcos e criar seu próprio carro com as cadeiras de sua casa ou com malas, caixas e tampas de panelas.
Em novembro, uma de nossas seguidoras contribuiu com uma foto de seu sobrinho Miguel, vestido de tartaruga ninja. Mas não era uma fantasia cara e elaborada. Era uma divertida improvisação, feita a partir de faixas e travesseiros. E o sorriso do Miguel dizia ainda mais! Não se tratava apenas de uma fantasia, mas também de uma criação e de uma conquista!
Em dezembro, enquanto distraía minha sobrinha Maria Clara nos minutos anteriores a sua festa de aniversário, eu a vi transformar uma mesa de piquenique infantil em céu, mar, palco e cama. Ela, que completaria dois anos naquela semana, não foi induzida a isso. Com a mesma criatividade de sua mãe anos antes, divertiu-se sozinha com o que via em sua própria mente… E me fez ver também! Que coisa linda!
Como disse no início do texto, isso pode parecer bem óbvio para aqueles que estão acostumados a lidar com crianças. Mas este não era o meu caso… E achei tão encantador, que resolvi reforçar meus aprendizados com este post.
1. O “brincar” da criança e o “trabalhar” do adulto.
Segundo a psicóloga Izaura Vale, “se os adultos resgatassem a pureza das crianças, muitas atitudes humanas mudariam”. Em uma conversa, ela me explicou que “o “brincar” da criança, é bem parecido com o “trabalhar” do adulto. Mas as disputas estão acabando com a simplicidade que deveria ser inerente a esta atividade. Para o adulto de hoje em dia, tudo se torna um problema… E os seres humanos estão se tornando acumuladores tanto de objetos, quanto de sentimentos negativos” (Izaura Vale, outubro de 2017).
Imaginem se conseguíssemos transformar nossos trabalhos em uma deliciosa brincadeira de criança? Não aquela brincadeira pré-fabricada pelas indústrias que nos querem vender os melhores videogames, carros e bonecas… Aquela brincadeira que, com o poder da imaginação, é completada por aquilo que se tem naquele momento… Aquela brincadeira do Lennard, do Miguel e da Maria Clara…
Para muitos seria um sonho? Mas não precisa ser… “Brinque com o que se tem”. “Trabalhe com o que se tem”. O resto está por conta apenas da sua habilidade e imaginação!
Sem dúvida seu trabalho será mais prazeroso. Sendo mais prazeroso, será mais eficiente. Sendo mais eficiente, lhe trará maior retorno… E esse retorno pode ser ou não ser financeiro, mas será, com certeza, muito gratificante! E isso não tem preço.
2. A angústia dos presentes
Natal, dia das crianças, festas de aniversário… Presentes, presentes, presentes… Minutos, horas, dias perdidos pensando nos presentes que terá que comprar e no quanto terá que gastar… Pode não ser problema de todos, mas certamente é de muitos…
E quem nunca ouviu falar de alguém que comprou um presente caro e viu a criança se divertir mais com a caixa e o papel de presente do que com o próprio brinquedo? (Coisa fácil de acontecer com se você der um presente ao meu lindo sobrinho Benjamin).
Se você é pai, mãe, avô ou avó, tio ou tia, e lamenta não poder dar os melhores presentes para a sua criança… Vá se preocupar com outra coisa e já! Não são presentes caros que eles querem de você. Nenhum presente caro substituirá a companhia, a cumplicidade e sorrisos que você pode dar a ele ao inventarem juntos uma brincadeira que só será de vocês, e que não custará nada além do seu tempo.
Que neste Natal e no próximo ano, tenhamos em mente que devemos aprender mais com as crianças que tudo transformam, e para as quais tudo é diversão! Que possamos dedicar mais nosso tempo a elas e dar mais asas à nossa imaginação!
E, se este post o fez lembrar de alguma cena de sua própria infância ou vivida com suas próprias crianças, conte para nós aqui na caixa de comentários.
Muito obrigada e… #olhabempqbemtem
Rachel Jaccoud Ribeiro Amaro
Trilha sonora deste post:
Parabéns pelo texto!!!! E a carinha sapeca da Maria Clara é de enlouquecer kkkkkk
Obrigada, Shirley! E concordamos com você… A carinha de sapeca da Maria Clara é mesmo demais! 🙂
Carpe Diem! Que lindo texto! Sempre vcs sempre inspirando meus dias… Obrigada!!
Que bom que gostou, Rebecca! Obrigada por seu comentário!
Realmente o “brincar” da criança tem importância para a vida adulta, pois expõe a capacidade que o adulto tem de se concentrar nas atividades diárias. A brincadeira representa a saúde mental e física, por facilitar o desenvolvimento da comunicação da criança. Sabendo disso, nós adultos temos que explorar essa capacidade tão genuína, que é a capacidade de brincar , afinal, brincar significa trabalhar para a criança.
Gostaria de comentar sobre o emprego negativo que a palavra “trabalhar” representa para os adultos. Alguns adultos, sentem que o seu trabalho é árduo, chato, demasiado e por aí vai… Trabalho não precisa ter peso negativo se percebermos que estamos ganhando, se estamos felizes ou se temos algum retorno. A vida fica muito complicada se colocarmos numa balança, pesando todas as situações da vida.
O texto reflexivo, que você compartilhou comigo, se refere a aprendizagem. Qualquer pessoa que exponha o seu pensamento tem que ser aplaudida! Parabéns pelo excelente trabalho pelo mundo, “olha bem pq bem tem” para ensinar a todos nós!
Izaura, muito obrigada pelo apoio e ensinamentos! Sem dúvida, devemos muito de nosso crescimento a você!
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