Comportamento

O poder do bendizer (parte 2)

Este texto é continuação de O Poder do Bendizer – Parte 1, em que relatamos os momentos vividos na Imersão “As Prisões” do escritor Alex Castro. Se você ainda não leu a primeira parte, clique aqui.

Caminhada dos Privilégios

O sábado continuava e chegava o momento da Caminhada dos Privilégios.
Iniciamos todos lado a lado, formando uma linha reta. A cada pergunta, os participantes dão um passo a frente ou atrás, ou ficam parados.

E ali, naquele momento, temos a oportunidade de darmos conta dos privilégios que temos. Porque, ao final foi nítida a desconfiguração da linha inicial. Ela não existia mais.

As vinte e duas pessoas que iniciaram a caminhada lado a lado agora estavam espalhadas pelo gramado como um convite à reflexão. Afinal, quantas pessoas em nosso convívio social, família, bairro, cidade, país, planeta são menos privilegiadas que nós? Quão privilegiados somos sem nem nos darmos conta?

Parte da tarde foi livre para aproveitarmos o local maravilhoso em que habitávamos. Trilhas, cachoeiras, piscina, uma comida maravilhosa… Portanto, a certeza de que estar ali por si só já era um enorme privilégio.

Atenção Plena

Na volta de nosso tempo livre, quem desejasse poderia contar algo para todos ali: uma história, um problema, uma confissão… Qualquer coisa… Porém, tinha que ser algo importante. Em retribuição, essa pessoa seria ouvida com atenção plena (coisa rara nos dias de hoje).

Enquanto falasse, estaria em suas mãos o objeto que, para aquela atividade, seria denominado trolha. Enquanto aquela pessoa estivesse com a trolha na mão, não poderíamos interrompê-la e teríamos que estar ali 100% presentes, ouvindo e, demostrando com nosso silêncio, nossa presença inteira em respeito a coragem daquele que dividia conosco parte de sua história.

Trolha: substantivo feminino
  1. 1. ato de bater; bofetada, pancada, cachação.
  2. 2. por extensão, quantidade de pancadas; sova, pancadaria, briga.

Esta por si só já era uma grande reflexão…

Cada história contada e ouvida, esbofeteava minhas suposições mais egocêntricas, a partir do momento em que realmente decidi estar ali presente, como ouvinte apenas e não como juiz.

Foi intenso ouvir as mais diversas opiniões e vivências.

Foi intenso dividir momentos e conhecer melhor aquelas pessoas que estavam ali, aprendendo a falar mas, sobretudo, a ouvir, exatamente como eu. Ouvir, ver e viver o momento presente sem interrupções. Foi uma noite festiva e repleta de vida.

Ouvir com atenção

O dia seguinte continuou com o exercício da escutatória. Claro que chegaria o momento em que eu também pegaria a trolha. E foi no caminho para sala em que nos reuníamos que decidi sobre o que falaria.

Mas não fui o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro. A trolha estava ali aguardando ser segurada por alguém e mais rápida no gatilho foi aquela senhora tão educada e gentil que me ajudara na noite anterior com sua experiência profissional. Seguiu-se a fala da moça do sorriso mais bonito. Depois, daquela que mesmo cheia de timidez mostrava-se presente em todos os momentos, esforçando-se para participar, viver, ajudar.

Emoção, coragem, beleza, amor… Em todas as histórias contadas encontrei esses adjetivos. Cada vez que soltavam a trolha no chão, era como uma respiração… Porque todos ali deixavam penetrar em si um pouco mais do que acabavam de ouvir. Aqueles que quisessem, após cada relato, podiam contribuir com suas próprias palavras, compartilhando também com o outro um pouco de si, mas sem opinar, sem invadir o espaço decisório do outro.

E a cada relato era incrível perceber como um pouco de cada história se assemelhava comigo. Era maravilhoso perceber que, apesar de tão diferentes, tínhamos tanto em comum.

Praticando ensinamentos

No intervalo, preparava-me para falar. Buscava inspiração na natureza ao redor. Mirava o horizonte dentro da mata que nos cercava e o céu azul. Percebi que, ao fazer isso, deixava de perceber a beleza do que estava muito mais próximo. Porque há três dias passava por ali e acabara de me dar conta que a grama que muitas vezes pisei estava repleta de trevos, flores pequeninas que não me lembro de já ter visto em qualquer outro lugar.

Lembrei-me do que havia aprendido na meditação. Era importante observar o presente, o momento vivido. E mesmo que outros pensamentos viessem, eles deveriam ser vistos como trens que passam em uma estação. Para continuar ali, bastava eu não embarcar neles.

E foi assim que observei também as pessoas que ali estavam. Vi o trem do pensamento se aproximar, observei e li de onde vinha. Fazia parte do que foi pedido no início do exercício: as histórias contadas deveriam ter início, meio e fim. O vagão foi-se e ali eu concluía que esse era exatamente um dos dilemas sobre o qual gostaria de contar.

Então chegou a minha vez…

E em um desejo de me conectar mais ainda com cada um que ali estava, passeei meus olhos pelos olhos de todas as pessoas que estavam ali. E iniciei minha história, que teve início, meio e fim!

Ser objeto do olhar generoso

Como no início de minha fala, fiz questão de novamente aproveitar aquela oportunidade que tinha de olhar para os olhos de todos ali, me conectar e agradecer.

Foi incrível perceber que naquele momento estava mais uma vez no mundo que visitei durante o exercício do olhar generoso. Dessa vez, entretanto, os papéis estavam invertidos. Não era eu quem praticava o olhar generoso. Mas, todos que ali estavam, praticavam o olhar generoso para comigo.

Estar ali e ouvir o que cada um disse, verbalmente ou não para mim e sobre mim é algo que ainda não sei se é possível descrever por completo.

Mas a lição maior que eu desejo compartilhar e que foi a motivadora inicial deste texto é:

OlhaBempqBemTem… Bendizer o outro!

Agora todas as vezes que olho no espelho, ou preciso tomar uma atitude, as palavras que ouvi farão parte desta escolha.

Pensando nisso, concluí que se bendizemos alguém, temos o poder de libertar esse alguém das prisões que o machucam, e que nos fazem ser egoístas.

Para completar, ganhamos a grande responsabilidade de sermos “rei”, segundo a frase que iniciou essa série de textos: “Em terra de egos, quem enxerga o outro é rei.”

Muito obrigado e…

#olhabempqbemtem

Luiz Felipe Sandins Mendonça

 

O encontro Imersão “As Prisões” de Alex Castro é uma experiência incrível. Recomendamos a todos. Para saber mais, leiam o post dele sobre o evento aqui.

Luiz Felipe Sandins Mendonça

Luiz Felipe é um empresário com alma de artista. Desde 2019, ele ajuda pessoas a terem mais saúde e qualidade de vida através dos produtos da Omnilife. Dono de uma mente extremamente criativa, otimista incorrigível, é ele o criador do Olha Bem pq Bem Tem.

4 thoughts on “O poder do bendizer (parte 2)

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  • Carolina Perez

    Já te disse e digo de novo… estava no aguardo do que você(s) falaria(m) sobre a imersão.

    Acredito que nenhuma descrição da imersão vai chegar aos pés do que realmente foi a prática, mas é incrível ver o quanto foi importante para você, assim como creio que tenha sido para todos lá presentes.
    Siga sempre compartilhando o bem (sigam, os dois, por favor).

    Grande beijo, nos vemos na vida.

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    • Olá Carolina! Muito obrigado por suas palavras… Por seus desejos e observações, são comentários assim que alimentam ainda mais esse nosso projeto do Olha Bem. E você é muito bem vinda, caso um dia deseje compartilhar também o bem que você quer dividir com todos nós.
      Beijos e que nos encontremos sim pela vida!

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