O amanhã pode ser inspiração para hoje
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”
Legião Urbana – Pais e Filhos
Faz algum tempo que não escrevo aqui no blog. E o porquê disso ficou bem claro nos últimos textos: Aceite o que a vida lhe dá, Pedido de Ajuda, Qual o seu legado? e #Desapego (parte 2). No entanto, por mais difícil que tenha sido, foi possível, sim, observar o BEM em todas as coisas.
Paradoxo semelhante acontece na famosa música Pais e Filhos, citada no início deste post. Embora ela apresente a história de uma jovem que se suicidou, há anos essa música inspira milhões de pessoas e sua letra nos traz um grande bem. Foi por isso que a escolhi para este post.
Nestes últimos meses, vi-me em meio ao caos. Um cenário doloroso, que exigiu de mim força, seriedade e um autocontrole maior do que eu já havia experimentado. E foi nesse cenário que encontrei muitos ensinamentos. Dentre eles, compartilharei aqui aquele que vivenciei durante o período em que estive com meu pai no hospital.
Os dias no hospital
Estávamos em um hospital público, um cenário de vida, de esperança, de superação; mas também de cansaço, insatisfação, tristeza, de morte. Assim foram os dias em que estive por ali, enquanto meu pai se recuperava de sua cirurgia.
Se resolvesse apontar exemplos para cada um desses adjetivos, provavelmente a lista seria vasta. Vi muitos pacientes e profissionais bem-humorados, outros agiam da forma completamente oposta. Vi muitos pacientes e profissionais preocupados em superar as dificuldades causadas pelas péssimas condições de infraestrutura vivida por nossos hospitais. Outros, no entanto, pareciam conformar-se com a situação e nada faziam para amenizá-la. Pacientes, acompanhantes, enfermeiros, médicos, faxineiros… Títulos a parte, todos esses eram pessoas, seres humanos, que estavam ali assim como eu e meu pai.
De que lado se posicionar?
O que eu gostaria de ressaltar são nossas ações ao nos depararmos com cada um destes sentimentos que são antepostos por seus autores, as pessoas que faziam parte dos meus dias por ali.
Posso dizer que para mim era sempre muito mais fácil lhe dar com a parte positiva das situações. Ser tratado com educação, com carinho, paciência, compaixão foi (e sempre será) muito bem-vindo.
O oposto, entretanto, foi muito mais difícil! Durante aqueles dias de tristeza, medo e inquietação, ser tratado com grosseria, desdém, falta de tato era como tomar uma rasteira. Um golpe baixo em quem estava tentando se manter em pé.
Como agir e sobreviver a esse cenário repleto de paradoxos?
Foi então que fiz a seguinte reflexão: infelizmente algumas pessoas com o decorrer do tempo esquecem o propósito, a essência de cada profissão e resolvem deixar suas insatisfações e frustrações guiarem de modo negativo o seu compromisso em abraçar aquela posição.
Embora eu não tenha estudado medicina, nem enfermagem, nem fisioterapia, acredito que esses profissionais devem ter cuidado e sensibilidade com os pacientes. Afinal, enxerguei bem essas qualidades em alguns dos profissionais que cruzaram nosso caminho.
Entretanto, também presenciei o oposto. E foi aí que, mais uma vez, reparei que precisava agir para mudar esse quadro… Como disse em O outro é o nosso espelho, precisava me comportar como gostaria que o outro se comportasse. Como em Man in the Mirror, a mudança deveria começar por mim. Esses momentos eram, portanto, oportunidades para compartilhar aquilo em que acredito e desejo para o convívio de todos.
Por um mundo em que o amanhã nos inspire
Por isso, que sejamos ainda mais educados quando nos depararmos com o oposto. Que demostremos mais carinho àqueles em que certo momento não poderão demonstrar. Que sejamos pacientes e tenhamos compaixão para entender e ajudar nas frustrações apresentadas a nós. Para iniciarmos ações que, se não conseguirmos ver os resultados hoje, nos sirvam como inspiração para aqueles que estiverem no amanhã.
Afinal como já diz a canção de Renato Russo:
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
Porque se você parar para pensar na verdade não há.”
O amanhã existirá para quem estiver nele. Nós não sabemos se estaremos, mas podemos desejar estar. E certamente o legado que deixaremos estará. Por isso, tentemos olhar, sim, o lado bom das situações e desta forma refletir esse olhar em cada uma de nossas ações.
Muito obrigado e… #olhabempqbemtem
Luiz Felipe Sandins Mendonça
Trilha sonora deste post:
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