Minha primeira aula de balé
#olhabempqbemtem …quando acreditam no seu potencial.
Era a minha primeira aula de balé…
Engraçado. Eu nunca havia pensado em fazer uma aula de balé… Desengonçada que sou, que sempre fui.
Três taças de vinho invadiam minha cabeça e giravam tudo e mais um pouco enquanto eu mesma rodopiava. Quase desequilibrava. Mas minha professora era dedicada e não desistia de mim.
Eu a admirava, movimentos delicados iam sendo desenvolvidos no chão, no ar, no olhar. Ela pulava, rodopiava, esticava e não desistia de mim. Esperava atenta por cada uma de minhas repetições e me corrigia, sempre que eu errava.
Muito obrigada por acreditar em mim.
Tudo começara com um agitado aquecimento. Uma corrida em círculos, um pega-pega, intercalado com um esconde-esconde. Eu me esforçava, mas não podia evitar o pensamento de que o vinho não poderia ter sido mais inapropriado.
Com ela, entretanto, as tarefas são dinâmicas. Rapidamente o pega-pega virou corrida, com anúncio de largada e declaração de vencedor. Ah… Eu sempre perdia… Buá Buá… “De novo!” – ela dizia… Ela não desistia de mim.
Sensibilizada com a minha derrota, ela diminuía o passo. Esperava eu me adiantar. Deixava-me ganhar. Comemorava a vitória comigo, ficava feliz.
A graça não estava na conquista. Estava na brincadeira, no movimento, e na satisfação de ambas as partes. Não fazia sentido se eu ficasse triste e… Ela queria uma comemoração dupla. E, afinal ela acreditava em mim.
Esqueci que estava ali para uma noite com amigos, repleta de vinhos, queijos, boa conversa e outras delícias. Minha professora havia me cativado e captado minha atenção. Como ela sempre faz…
Não serei bailarina, mas fui dormir mais leve naquele dia. E não pude evitar em pensar que seríamos todos mais felizes se agíssemos como ela e acreditássemos mais no potencial das pessoas que nos cercam. Todos podem ganhar. Todos podem tentar.
Eu, desastrada, desengonçada, desequilibrada, aos 33, tive minha primeira aula de balé! Apenas porque minha professora experiente, delicada e sábia, com menos de 3, acreditou em mim. E, assim, aqueceu um pouco mais meu coração.
Rachel Jaccoud Amaro Mendonça
Se você gostou desse texto, você poderá gostar também de: