Desconectar-se
#olhabempqbemtem …Desconectar-se.
Em um belo dia de trabalho em minha nada mole vida de freela, ao acessar o LinkedIn, foi-me sugerido pela plataforma um texto do Samuel Rota que resolvi ler. Chamava-se 5 sinais para descobrir se você é viciado em trabalho. Eu já desconfiava que estava mesmo viciada em trabalho e pude ver-me em todos os 5 itens listados pelo Samuel.
Apesar de trabalhar em casa, era sempre a primeira a acordar e a última a dormir – sempre porque estava trabalhando. Nos dias em que me permitia parar para almoçar, levava o celular junto. Porque, afinal, entre uma garfada e outra eu poderia aproveitar para responder algum e-mail ou WhatsApp. Adicionalmente, respondia mensagens de clientes a qualquer hora do dia, trabalhava mesmo quando estava doente e, literalmente, pensava em trabalho o tempo todo: mesmo nos horários de folga.
Simplesmente sentava-me para conversar com as pessoas e pensava nas coisas que eu ainda não tinha conseguido fazer, aproveitava a hora do banho para repassar minhas listas mentais e estabelecer prioridades, não conseguia aproveitar o momento presente porque estava sempre pensando no futuro próximo.
Eu dizia para mim mesma que tinha um bom motivo! É muito difícil ser sua própria chefe, depender de sua própria produtividade para ter o seu ganha-pão no final do mês . Ademais, eu queria tirar férias! Eu sabia que precisava de férias. Portanto, sendo dona do meu próprio nariz, precisava trabalhar em dobro para que, quando chegassem as férias, tudo estivesse em seu devido lugar, planejado, agendado, concluído.
Nem sempre você consegue fazer como o planejado
Mas não foi possível. Eu via minhas tarefas se acumularem sem que as horas fossem suficientes para cumpri-las. Estava difícil até sorrir.
Mudar-se para outro país não é fácil. E os últimos dias no Brasil foram muito corridos. Tínhamos uma agenda cheia de encontros e afazeres. Minha cabeça trabalhava a mil por hora com a preocupação de não esquecer nem um detalhe, nem um documento, ou ação importante.
Somaram-se imprevistos, acidentes e perrengues. E eu fracassei miseravelmente em deixar textos prontos e publicações pré-agendadas, para que ninguém notasse minha ausência, minha queda de produtividade, enfim… minhas férias.
Faltou escrever mais, faltou reencontrar pessoas, faltou descansar.
Ao embarcar no avião, meu corpo e mente doíam de exaustão. E eu só tinha uma única certeza: não poderia abrir mão das minhas férias. Elas eram necessárias para minha saúde física e mental. E nada, nem o fato de eu não ter concluído tudo o que eu precisava concluir, mudaria isso.
Desconectar-se
Mas como tirar férias se o seu trabalho está envolve algumas das coisas que você mais gosta de fazer na vida?
No meu caso, trabalho funde-se à viagens, a produção de conteúdo, a fotografia e a tudo o mais que eu estaria prestes a fazer. Como aproveitar os minutos sem pensar em trabalho, sem buscar por ideias, e até por inspiração?
Eu pensei que a tarefa seria bem difícil. E, no início, foi. Demorou uns dias para que eu realmente começasse a curtir a bela Paris, minha cidade preferida no mundo, sem pressão, sem acelerar o passo e a mente. Foi preciso me desconectar.
Porque quando se é Nômade Digital, viajar faz parte de sua rotina e do seu trabalho. Essa é inclusive a maior graça do negócio! E estar conectado é muito importante para que você consiga e possa trabalhar. Afinal, é através da internet que você alcança seus contatos, atende seus clientes, realiza todas as suas tarefas diárias. Portanto, enquanto estivesse conectada, o trabalho simplesmente chegaria até mim.
Em terras estrangeiras, decidi que não compraria um chip para o meu celular. Quem quisesse falar comigo teria que esperar minha conexão com algum wi-fi. Afinal, eu avisara que estava de férias. E isso não deveria ser respeitado?
Sem acesso à internet, flanei.
Flanei. Respirei. Contentei-me com as informações que eu já tinha guardadas em minha mente. Afinal, não poderia recorrer ao Google. Não fiz anotações para mais tarde, testaria minha memória caso fosse necessário. Perdi-me sem o Google Maps e encontrei lugares inesperados. Agradáveis surpresas.
Conversei. Ouvi. Enxerguei. Ah… as maravilhas da vida offline. Desconectei-me e vivi intensamente. Tal como se vivia antigamente…
Atrevo-me a dizer que deveria fazer isso mais vezes. E, agora, relaxada, descansada, leve, luto novamente para voltar a rotina, ao trabalho e à conexão, tão apreciada e necessária aos dias de hoje. Vivo o paradoxo da luta para voltar a vida online. Se por um lado a vida digital me cansa, é também apenas por causa dela que posso ser nômade digital e viver fazendo uma das coisas que mais gosto: viajar.
E você? Já experimentou se desconectar durante as suas férias? Já experimentou desligar-se do mundo digital mesmo que por apenas alguns dias? Ainda não? Que tal fazer o teste?
Que delícia de texto! E fico feliz saber que conseguiu desconectar, relaxar e perceber que a vida offline também pode ser ótima. Nosso corpo é uma máquina e como toda máquina precisa de um tempo para manutenção, recarregar as baterias e se renovar. Bom texto e como sempre, bela reflexão! Parabéns!
Oi, Luana! Fico muito feliz que tenha gostado do texto. Muito obrigada por sempre comentar e apoiar o nossa trabalho. É maravilhoso saber que alguém nos lê! =) Obrigada!