Comportamento

Na saúde e na doença

#olhabempqbemtem …No casamento.

Angustiado com a situação que vivia, certa vez um amigo iniciou uma conversa comigo dizendo que, se ele me contasse sobre a decisão que precisava tomar, certamente eu não o apoiaria. Ele vivia uma situação complicada em seu casamento e concluíra que não havia outra saída a não ser a separação.

Eu perguntei: “E por que você acha que eu não o apoiaria?” Com todas as letras, ele disse que eu sempre dera “mostras de ser a favor da instituição”. “Alto lá!”, eu pensei. E tentei explicar que eu sou a favor de casamento porque pra mim funciona. Mas não o defendo como uma instituição na qual você entra e depois não pode mais sair.

Sim, território espinhoso esse que adentrei. E não estou aqui dizendo que defendo o divórcio e que, consequentemente, estou me distanciando dos ensinamentos cristãos que recebi de minha família…

A questão aqui é outra…

A questão aqui é que muitos de nós já tomaram decisões erradas em relação a casamento, assim como tomamos decisões erradas em outras esferas de nossa vida. Crescemos, ganhamos confiança, agimos e erramos. Mas aí mudamos, amadurecemos e passamos a errar menos (ou pelo menos deveria ser assim). É assim que a vida é…

E por que erramos uma vez estaremos condenados aos prejuízos dessa decisão para o resto da vida?

(Para aqueles que são cristãos, Jesus não morreu na cruz justamente para nos livrar de toda culpa e pecado? Aqui vale até a máxima: “Vá e não peques mais.”) Eu sempre digo que: se você errou, permanecer no erro é sempre pior. E foi mais ou menos isso que disse ao meu amigo.

Da segunda vez, escolha direito.

Eu mesma já errei no quesito casamento uma vez, mas racionalizei tudo mais ou menos dessa forma que contei nesses dois últimos parágrafos. Cobrei-me (só Deus sabe o quanto) que, se houvesse uma segunda vez, da segunda vez eu deveria escolher direito… E acho que escolhi.

Acho que escolhi bem porque, ao repensar o que eu queria de um casamento (e, claro, me refiro ao casamento moderno ao qual associamos “escolha” e “amor”), concluí que o que eu queria era alguém com quem compartilhar a vida, com todas as suas belezas e percalços. De fato, cheguei a escrever isso em meus votos:

Amar é compartilhar. É compartilhar o que temos. Compartilhar os sentimentos, os desejos, os sonhos, a família, os amigos, as viagens, a comida, as leituras, os poemas e os filmes… Amar é compartilhar o tempo e se sentir tão bem a ponto de não querer que o tempo passe.

Sim, uma definição bastante pessoal de amor e do que eu almejava que fosse o casamento que se iniciava naquele momento.

Mas dei-me conta que, naquela ocasião, só mencionei coisas boas. Se amar é compartilhar, faltou dizer “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza”. Faltou dizer as partes mais difíceis…

E como é difícil!

Nas últimas semanas, estamos enfrentando muitos desafios. Meu sogro, um homem super ativo, no auge de seus 82 anos, teve que passar por uma cirurgia para drenar um coágulo que se formara em seu cérebro e que começara a dificultar-lhe a fala, o pensar e o andar.

Passamos por verdadeiros momentos de aflição, seguidos pela notícia de que a cirurgia tinha sido muito boa e pelo sorriso de S. Adalberto que, apesar de ainda muito confuso, nos mostrava que a pessoa que tanto amamos ainda estava ali.

Em seguida, meu marido e minha sogra revezaram-se no hospital para acompanhar o pai e o marido, respectivamente. O resultado foi mais aflição, noites sem dormir, e um cansaço físico e psicológico sem igual. Até que S. Adalberto se recupere, muitas decisões precisarão ser tomadas. Planos adiados, expectativas sobressaltadas… Ah… Os percalços da vida… Que fazer além de vivê-los?

Ah… O casamento…

O maior bem de tudo isso foi justamente ver a força de nossos casamentos. O que seria de meu sogro sem sua esposa? Sem sua enorme dedicação e amor? E gosto de pensar… O que seria de meu marido sem mim? Lógico que tudo sempre se arranja. Mas é tão bom poder contar integralmente com alguém em um momento de dor, de angústia, de dúvida…

Ter companhia para viajar é muito bom. E meu marido é a melhor companhia que eu poderia ter. Mas ter sua companhia ou lhe fazer companhia em momentos terríveis, conforta ainda mais o coração. E é pra isso que casamento serve, na minha opinião.

Para dividir o melhor e o pior de nossas vidas.

Posso não ter citado tristeza, doença e pobreza em meus votos. Mas fico feliz de ter dito:

Prometo sempre lutar pela realização dos nossos sonhos. Prometo sempre trabalhar para a superação de nossas fraquezas. Prometo sempre vibrar com as nossas conquistas. Prometo sempre levantar quando cairmos. Prometo não desistir de nós.

Quando a vida nos sacode e nos diz não, ou pelo menos: “agora, não”. Lembro do que escrevi a quatro anos atrás e sigo em frente.

Casamento… Cada um tem o seu e cada um sabe do seu. De fato, eles podem ser a pior experiência que você teve na vida, mas também podem ser a melhor.

 

Rachel Jaccoud Amaro Mendonça

Rachel Jaccoud Amaro

Rachel é historiadora por formação, escritora por vocação e fotógrafa nas horas vagas. Ama quebrar paradigmas e, exatamente por isso, abraçou o Olha Bem pq Bem Tem como projeto de vida.

5 thoughts on “Na saúde e na doença

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