Diga não à mentira!
#olhabempqbemtem …Dizer não à mentira. Aprender a duvidar. Afastar-se das maledicências.
Estudei boa parte de meu Ensino Fundamental em um colégio denominacional: o Colégio Batista Sheppard, na Tijuca, no Rio de Janeiro. Ali, um vez por semana tínhamos uma matéria chamada Educação Cristã. Para alguém que era filha de pastor e frequentava a igreja desde que se entendia por gente, a matéria não oferecia muitas novidades. Mas algumas mensagens ficaram gravadas na minha mente até os dias de hoje.
Uma mentira e sua verdade.
Eu estava na sexta série e tinha 12 ou 13 anos de idade quando a professora contou a história de uma menina que tinha sido dilacerada por sua própria cidade. Ela morava em uma cidade pequena até que resolveu estudar e fazer faculdade na cidade grande.
Quando chegaram as férias, um ano depois de sua bem-sucedida empreitada, ela voltou a sua cidade natal e aproveitou para se reunir com os amigos numa manhã fria de julho. Ao largo da roda de amigos, passaram duas senhoras. Ao olharem para a pequena reunião, identificaram fumaça saindo da boca dos adolescentes. Logo elas presumiram que os jovens estavam fumando. E, lógico, a culpada era a filha da Dona Cotinha que tinha ido estudar na cidade grande e voltara com os mais terríveis modos.
As senhoras, cheias de boas intenções, espalharam a notícia. Afinal, elas não achavam justo que os demais jovens da cidade adotassem maus hábitos por causa de uma única má influência. Em meio ao disse me disse, o cigarro virou maconha e depois as notícias de que a menina tinha se tornado usuária de drogas já estava por todo o canto. Com um pouco mais tempo, a menina também tinha se tornado promíscua… Arrumava vários namorados e já tinha até mesmo sofrido um aborto!
A verdade, todavia, era muito menos interessante. Porque a menina nunca havia fumado na vida.
Naquela manhã fria de inverno, o que as senhoras viram, originalmente, era a costumeira fumaça que sai de nossas bocas quando as temperaturas estão mais baixas. Por uma dedução equivocada, a menina, que era estudiosa e costumava se destacar por coisas boas, foi mal falada em toda a cidade, perdeu amizades e até a admiração de sua família.
Aprenda a duvidar. Escute e duvide.
A moral da história era clara para uma turma de 12 a 13 anos naquela ocasião. Devíamos tomar muito cuidado com as coisas que falamos e divulgamos. Também deveríamos tomar cuidado com aquilo que víamos e ouvíamos. Nem sempre era verdade. E espalhar mentira, era algo muito sério.
Lembrei muito dessa história nas últimas semanas. Os dias que estamos vivendo estão repletos de notícias falsas compartilhadas com boas e más intenções. Nosso país tem sido emocionalmente devastado, assim como aquela cidade fez com aquela menina. Laços de amizade foram desfeitos, a admiração que antes existia por algumas pessoas, agora não existe mais.
Maledicências, ironias, raiva e rancor estão por todo lado. E eu até acho compreensível o sofrimento e a revolta das pessoas. Mas nada justifica mentir, aumentar mentira, espalhar mentira, corroborar com a mentira. Você até pode ter as melhores das intenções. Mas há de se ter cuidado! Antes, duvide, pense, pesquise, informe-se. Porque a mentira pode dilacerar pessoas e relacionamentos. A mentira pode dilacerar a mim e a você. E, de certa forma, a mim ela já dilacerou.
Que possamos aprender a bendizer.
Já falamos muito aqui no Olha Bem pq Bem Tem sobre O Poder do Bendizer, eis um tema que é até muito recorrente. Mas, infelizmente, o Maldizer também tem poder. Por isso, é no primeiro que devemos focar… No Bem. Se é tão fácil falarmos mal das pessoas, devemos nos esforçar para fazermos o contrário. Não consegue? Confesso que também acho bem difícil em alguns casos… Então, simplesmente, não fale. Aprenda o poder do silêncio. Esse, provavelmente, será um bom início para a cura desses dias que nos tornaram tão doentes.
Eu gostaria muito que essa eleição tivesse existido para compartilharmos coisas boas: projetos, soluções, ideias, propostas. Do meu ponto de vista, não foi. E parte disso é nossa culpa.
Mas que possamos aprender com o que se passou: que mentiras e maledicências não nos levarão a lugar nenhum além de mais brigas e mágoas. Pelo menos foi isso que eu aprendi desde muito pequena, e também agora.
Que possamos aprender a ter um compromisso com a verdade. Que sejamos mais cuidadosos com tudo o que ouvimos e falamos. Exerça a dúvida. Porque o futuro do mundo depende disso.
Rachel Jaccoud Amaro Mendonça
Trilhas sonoras mais do que perfeitas para este post:
Alexandria – Humberto Gessinger & Tiago Iorc
Toda forma de Poder (versão Novos Horizontes) – Engenheiros do Hawaii