Amigos (parte 1)
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” – Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe.
Quem são os seus amigos? Por onde andam? O que fazem? Que diferença eles fazem em sua vida?
Eu sempre levei minhas amizades muito a sério! Seletiva que sou, escolhia no máximo meia dúzia de amigos por onde passava e dedicava-me a eles porque, para mim, seria pra vida toda. Mas não é só a gente que escolhe, precisamos ser escolhidos também. Alguns te escolhem também para a vida toda, outros apenas por um tempo. E tem também aqueles que nem dá tempo de pensar muito porque te conquistou no primeiro sorriso.
Amigos para mim são diferentes de colegas. Não se trata de dizer bom dia, boa tarde, boa noite e combinar um almoço, um cinema ou uma noitada juntos. Trata-se de compartilhar ideias, momentos, interesses, sonhos e fracassos. Mais ou menos igual a todo relacionamento que é realmente bom e nada tem de superficial. Com seus amigos é assim?
Eu tenho amigos que me fazem sorrir e alguns com quem já chorei. Tenho alguns com quem divido os mesmos ideais, outros que pensam muito diferente de mim. Tenho amigos falantes, outros quietos, de quem preciso arrancar informações com todo jeitinho e carinho. Tenho amigos que me apoiam de olhos fechados, que acreditam em meu potencial e que até me contratam! Outros acham-me doida mesmo… Acham que algum parafuso soltou e ficam preocupados comigo. Tenho amigos de longa data, outros mais recentes. Tenho amigos que durante o bate-papo nem vemos a hora passar. E outros para os quais apenas o bate-papo não basta. Tenho amigas-irmãs e irmãs-amigas. Tenho amiga-prima. Tenho amiga-mãe, amiga-pai, amigo-tio e tio-amigo. Tenho amigos de longe e de perto, amigos emprestados e amigos ganhados. Amigos ausentes que eu gostaria que estivessem presentes.
Amigos perdidos, amigos que não quero perder
A vida passa por momentos e desafios diferentes. Em meio a idas e vindas, é natural que o seu contato com algumas pessoas diminua enquanto você conhece outras. Mas, confesso, amigo é uma coisa da qual eu não consigo desapegar. E é sofrido sempre quando percebo que perdi um. É sofrido por anos… Com você também é assim?
Eu ando bastante nostálgica em relação a isso porque, afinal, vou para um outro lugar e como poderei cultivar as amizades que prezo tanto? Se o tempo morando perto já é tão escasso, como fazer para ele render ao ponto de encurtar as distâncias? Não me parece que WhatsApp e Skype serão suficientes. E não lembro de ter lido sobre isso em nenhum manual de Nômade Digital.
Hoje, com minha nada mole vida de freela, tem sido bem difícil dedicar-me aos amigos. Sinto-me focada e, por vezes, nem estou a fim de conversar, afundada que estou em minhas metas e planos.
Meus amigos, por outro lado, não andam em grupos. Eles quase não se conhecem entre si porque são de fases distintas. Vejo-os como preciosidades que fui colecionando em diferentes momentos de minha vida. Eles são únicos, estão espalhados pela cidade, pelo país e pelo mundo e nosso relacionamento passou a ser “a dois”. Por isso, não dá pra marcar com todo mundo ao mesmo tempo! Por isso, não dá pra fazer festa de despedida e brindar. É sobre olhar nos olhos do seu amigo e perguntar: você está bem? É sobre identificar se ele está falando a verdade ou não. É sobre desabafos que o mundo tecnológico não poderá suprir.
E, afinal, o que fazer?
Ao correr atrás dos meus maiores sonhos, meu maior medo é perder meus amigos. Meu maior medo é, sem querer, construir um abismo entre nós. Meu maior medo é que eles se sintam esquecidos e resolvam me esquecer também. Meu maior desafio será fazer a amizade durar apesar do Oceano Atlântico.
E para você? Qual é o seu desafio na seara da amizade? Que tipo de amigo você tem sido para os seus? Que tal ligar para eles no próximo fim de semana?
Continua…
Rachel Jaccoud Amaro Mendonça